Agência France-Presse
postado em 17/09/2012 18:32
La Paz - A Bolívia conseguiu reduzir suas plantações de coca em 12% entre 2010 e 2011 -de 31 mil hectares para 27,22 mil-, segundo um relatório de monitoramento dos cultivos desta planta divulgado nesta segunda-feira pelo escritório local das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC em inglês).Segundo o estudo, a redução mais significativa registrada em território boliviano ocorreu nas áreas onde se concentra a maior parte das plantações: na região oeste, em Yungas de La Paz (de 20.500 hectares em 2010 para 18.200 hectares no ano seguinte), e no centro do país, em Cochabamba (de 10.100 hectares para 8.600).
O delegado da ONU na Bolívia, César Guedes, explicou durante a apresentação que o relatório foi submetido "a um processo transparente, independente, rigoroso e detalhado de supervisão metodológica pela UNODC e por suas equipes técnicas" em La Paz e na sede institucional situada em Viena.
De qualquer forma, Guedes pediu que não seja minimizada a substancial expansão que os cultivos de coca registraram em áreas não tradicionais, como as províncias Bautista Saavedra e Muñecas, no noroeste de La Paz.
Mesmo assim, ele afirmou que as apreensões de coca caíram de 1.015 toneladas em 2010 para 603 toneladas em 2011, mas que no ano passado os confiscos de pasta básica de cocaína subiram 10%, alcançando 28.350 kg; e as de cloridrato de cocaína, 65%, chegando a 5.600 kg.
"Este esforço vai continuar, quase com recursos econômicos próprios", disse o presidente boliviano, Evo Morales, ao encerrar a cerimônia de apresentação do relatório, conclamando o corpo diplomático presente a promover uma cooperação externa maior pela "responsabilidade compartilhada".
O mandatário foi menos incisivo do que no final de semana, quando questionou a "moral" dos Estados Unidos para criticar a política boliviana de combate às drogas, reiterando suas objeções a Washington que, a seu ver, politiza o tema.
A Casa Branca acusou na semana passada a Bolívia de "fracassar manifestamente" na luta contra as drogas e voltou a colocá-la pelo quarto ano consecutivo em sua "lista negra".
"Reconhecemos o esforço da Bolívia. É uma conquista muito importante, mas há muito mais a ser feito neste campo", declarou à imprensa o encarregado de Negócios da embaixada dos Estados Unidos em La Paz, Larry Memmott, ao comentar que seu governo estimou que a redução de plantações de coca é "inclusive maior do que a que a ONU indica".[SAIBAMAIS]
"Se fosse legítima ou legal a certificação, os países da América do Sul e a Bolívia ;descertificariam; os Estados Unidos porque não contribuem para a luta contra o narcotráfico", comentou Morales, referindo-se ao crescimento do consumo de drogas e à lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas na América do Norte.
Para o chanceler David Choquehuanca, "este é o informe que o Estado boliviano reconhece", acrescentando que os "resultados concretos" mostram o quanto errônea é a opinião de que "a saída (da Bolívia em 2008) da DEA (Administração Antidrogas americana) causaria o aumento dos cultivos".
O vice-ministro da Defesa Social, Felipe Cáceres, assegurou que "a Bolívia conta com uma estratégia de luta contra o narcotráfico" baseada "no diálogo e no respeito aos direitos humanos".
Segundo informações oficiais, até 12 de setembro, o governo boliviano erradicou 7.786 hectares de coca ilegal, número próximo do que a lei antidrogas fixa como meta anual obrigatória.