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Massacre de centenas de palestinos em regiões do Líbano completa 30 anos

Agência France-Presse
postado em 18/09/2012 13:23
Beirute - Há 30 anos o mundo descobria com horror as imagens de centenas de mulheres, crianças e idosos assassinados e mutilados por milicianos cristãos aliados de Israel nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, nos subúrbios de Beirute.

Setembro de 1982: o Líbano está em plena guerra civil (1975-1990) e o sul do país foi invadido três meses antes por Israel, oficialmente com o objetivo de parar os ataques da Organização de Libertação da Palestina (OLP) de Yasser Arafat. A OLP é aliada a milícias libanesas de maioria muçulmana, assim como o exército sírio que entrou no Líbano em 1976, enquanto o Estado judeu está associado com as milícias cristãs, como as poderosas Forças Libanesas (LF) de Bashir Gemayel.

Eleito presidente do Líbano em agosto, Gemayel, venerado pelos cristãos do país, foi morto em 14 de setembro em um atentado reivindicado por um partido pró-Síria. O exército israelense evoca este assassinato para entrar no setor ocidental de Beirute, de maioria muçulmana, violando um acordo concluído sob mediação dos Estados Unidos relativo à evacuação do Líbano dos combatentes da OLP.

Israel diz que quer "evitar derramamento de sangue e atos de vingança" após o assassinato de Gemayel e lutar contra os terroristas escondidos na área. Mas, na noite de 16 de setembro, milicianos cristãos, auxiliados pelo exército israelense, que atira foguetes, invade os campos de Sabra e Shatila, nos subúrbios ao sul de Beirute, onde permanece apenas a população civil, após a saída dos combatentes da OLP no âmbito do acordo.

Durante três dias, em um apagão total, milicianos massacram, sem que o exército israelense ao redor de todo o acampamento intervenha. No dia 19, imagens horríveis de corpos amputados, desmebrados, de crianças esmagadas e animais abatidos chocam a opinião mundial. Entre 800 e 2.000 civis foram mortos na carnificina nesses campos que abrigavam cerca de 8.000 refugiados.

Em Israel, uma comissão de inquérito atribuiu em 1983 a "responsabilidade pessoal, mas indireta" dos massacres a Ariel Sharon, então ministro da Defesa, acusando-o de não ter previsto ou evitado o massacre. Ele é forçado a renunciar. A comissão atribui a responsabilidade direta a Elie Hobeika, chefe da inteligência dos LF, que sempre se mantiveram em silêncio sobre os assassinatos.



Em junho de 2001, 23 sobreviventes apresentam queixas de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e atos de genocídio contra Sharon, então primeiro-ministro. A queixa foi apresentada na Bélgica sob uma lei que concede uma "jurisdição universal" aos tribunais belgas por tais crimes. Mas a lei foi revogada em 2003 e a justiça belga abandona a acusação.

Ariel Sharon caiu então em um profundo coma depois de um derrame cerebral em 2006. Sabra se tornou um bairro populoso habitado principalmente por trabalhadores estrangeiros e xiitas libaneses. Chatila conta, em compensação, com cerca de 8.300 refugiados, de acordo com uma agência da ONU.

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