Aleppo - Pelo menos 30 pessoas morreram nesta quinta-feira (20/9) na explosão de um posto de combustíveis provocada por um ataque da aviação no norte da Síria, no último episódio da guerra devastadora, segundo militantes.
Em outras partes do país, os rebeldes afirmaram ter derrubado um helicóptero militar perto de Damasco, com a oposição indicando bairros da capital destruídos e combates acompanhados de intensos bombardeios em várias frentes, principalmente em Homs.
Em 18 meses de uma revolta contra o presidente Bashar al-Assad que se transformou em guerra civil frente à repressão, 29.000 pessoas morreram, sendo 20.755 civis, segundo um último registro do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Não há uma saída para o conflito à vista devido à determinação das partes envolvidas nos confrontos e às divisões dentro da comunidade internacional.
Em uma entrevista concedida à revista egípcia Al-Ahram al-Arabi que será divulgada na sexta-feira, Assad repetiu suas acusações de que Riad, Doha e Ancara ajudam e armam os "terroristas" que combatem as suas forças.
A Arábia Saudita e o Qatar "viram de repente dinheiro em suas mãos após um longo período de pobreza e acreditam que com ele podem comprar a História e um papel regional", denunciou, afirmando também que a Turquia sonha com um "novo Império Otomano".
No terreno, os episódios de violência deixaram nesta quinta-feira pelo menos 154 mortos -- 93 civis, 32 rebeldes e 29 soldados -- em todo o país, segundo o OSDH, que se baseia em uma vasta rede de militantes e médicos.
No ataque mais sangrento, um posto de combustíveis explodiu após um ataque aéreo das forças do regime na aldeia de Ain Issa, na província de Raqa, indicou o OSDH. "Pelo menos 30 pessoas morreram e 83 ficaram feridas", disse seu diretor, Rami Abdel Rahman.
Posto de combustíveis estava cheio
Segundo um militante local, que se identificou como Abu Mouawiya, contatado via Skype pela AFP, o posto de combustíveis "foi atingido por um avião de combate". "Esse posto é o único que funciona na região e estava lotado".
Devido às restrições impostas pelo regime à imprensa e às organizações humanitárias na Síria, não é possível verificar essas informações com fontes independentes.
Esse ataque ocorreu no dia seguinte à tomada pelos rebeldes do posto de Tal al-Abyad, posto na fronteira entre a província de Raqa e a Turquia.
Antes, a televisão estatal havia anunciado a queda de um helicóptero militar provocada, segundo ela, por um choque em pleno voo com um avião de passageiros sírio que transportava 200 pessoas, mas que conseguiu aterrissar sem problemas.
O OSDH indicou que o helicóptero havia sido "abatido pelos rebeldes" em Tal al-Kurdi, próximo a Douma (13 km a nordeste de Damasco). Desde o início da revolta, a rebelião anunciou ter derrubado várias aeronaves do regime, que bombardeiam suas posições incessantemente.
Na capital, os bairros do sul -- Hajar al-Aswad, Qadam, Assali e Tadamoun -- foram considerados pelo opositor Conselho Nacional Sírio (CNS) como "destruídos", após dois meses de combates e bombardeios.
Nos setores retomados pelo Exército, as execuções sumárias são frequentes e "corpos ainda são encontrados nas ruas", afirmou uma militante que disse se chamar Alexia.
1,5 milhão de pessoas precisam de ajuda
Na cidade de Aleppo (norte), cenário de uma batalha crucial há dois meses, as forças do regime mantêm os ataques aos bairros rebeldes e às localidades próximas. Segundo médicos nos locais, pelo menos 22 pessoas morreram, incluindo seis membros de uma mesma família.
No mercado outrora movimentado da Cidade Velha, todas as lojas estavam fechadas e apenas alguns comerciantes se aventuravam na tentativa de recuperar mercadorias antes de fugir, constatou uma jornalista da AFP.
Brigadas rebeldes estavam posicionadas nos cruzamentos no emaranhado de vielas sobrevoadas por helicópteros.
[SAIBAMAIS]Os bombardeios e os combates também atingiram as regiões de Deir Ezzor (leste), Idleb (noroeste), assim como Hama e Homs (centro), onde 29 pessoas, incluindo 20 rebeldes, morreram, segundo o OSDH.
De acordo com um militante, um cidadão-jornalista que divulgava imagens de Hama e se identificava como Abu Hassan, morreu queimado na quarta-feira em um ataque do Exército contra a sua casa.
Frente ao perigo, o Programa Alimentar Mundial da ONU pediu mais acesso às regiões mais afetadas, as necessidades em alimentos, medicamentos e roupas aumentam em razão da escalada da violência. O objetivo é ajudar 1,5 milhão de pessoas.
Neste contexto, cerca de 60 países e a Liga Árabe fizeram um apelo na Haia ao Conselho de Segurança da ONU para que prive o regime de "recursos" utilizados "para sua violenta campanha" e assegurou que as sanções o haviam afetado seriamente.
E Nova York, Washington, Londres e Paris acusaram novamente Teerã de fornecer armas ao regime Assad, no dia seguinte a uma visita do chefe da diplomacia iraniana a Damasco.