Agência France-Presse
postado em 20/09/2012 22:59
A América Latina pedala cada vez mais forte rumo a cidades sem ou com menos carros, com iniciativas destinadas tanto a promover a mobilidade saudável e o transporte ambientalmente responsável como a descongestionar as metrópoles, às vésperas do Dia Mundial sem Carro, celebrado no sábado.Bogotá é a pioneira da América Latina neste tipo de iniciativa e ostenta o recorde de contar com 345 km de ciclovias, segundo dados da prefeitura. A ela se seguem as principais cidades brasileiras e as recentes tentativas de Buenos Aires de consolidar sua oferta do transporte alternativo.
Com quase 8 milhões de habitantes e 2.600 metros acima do nível do mar, a capital da Colômbia comemorou pela primeira vez o dia sem carro no ano 2000 por iniciativa do então prefeito Enrique Peñalosa, que institucionalizou formalmente a data - celebrada anualmente na primeira quinta-feira de fevereiro - após ser aprovada em referendo.
Esta é uma particularidade que diferencia Bogotá das demais cidades do mundo, que comemoram o Dia Mundial sem Carro todo 22 de setembro.
As principais megacidades brasileiras, que na maioria têm vias especiais para bicicletas, não ficam atrás: o Rio de Janeiro, sede da final da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, tem 282 km de ciclovias, a segunda maior rede da América Latina, segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que lançará no sábado o primeiro mapa cicloviário da cidade, estimando em um milhão o número de viagens diárias nestas vias.
Em São Paulo, a maior cidade do Brasil, são calculadas em 350 mil as viagens diárias em bicicleta e as autoridades da megalópole de 20 milhões de habitantes estão instalando vias exclusivas, as ;ciclorrotas;, para alcançar uma rede de 85 km, frente aos atuais 67 km estimados pelo Movimento Conviva, que promove o transporte movido a pedais. Aos domingos e feriados, São Paulo também fecha a circulação de automóveis em grandes avenidas, que ficam abertas para corredores e ciclistas.
Curitiba (sul), que ostenta um sistema de transporte exemplar, copiado em 80 países, possui 120 km de ciclovias, enquanto Brasília, o governo do Distrito Federal lançou um plano que tenta aumentar a rede dos 160 km atuais para 400 km em 2014.
Apesar das campanhas para incentivar o uso das bicicletas no Brasil, as condições de segurança viária e o calor muitas vezes têm um papel de desestímulo.
Vencendo a resistência
Com 94 km de ciclovias construídas e um sistema público de bicicletas, Buenos Aires tenta se manter na dianteira da corrida pelo transporte ecológico.
Na capital argentina, que tem três milhões de habitantes mas dobra sua população nos dias de trabalho com as pessoas que vêm da periferia, circulam diariamente mais de 1,9 milhão de veículos, incluindo 36.000 táxis e 9.800 ônibus, segundo dados fornecidos à AFP pela vice-secretaria de Transportes da cidade.
Já incorporadas à paisagem de Buenos Aires, as ciclovias ou ;bicisendas;, como as chamam os portenhos, ainda geram alguma resistência entre motoristas, taxistas e ônibus porque diminuem o espaço nas ruas e os forçam a reduzir a velocidade.