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Sobe para 13 o número de mortos nas manifestações no Paquistão

Agência France-Presse
postado em 21/09/2012 13:12
Islamabad - Dois cinemas foram incendiados e 13 pessoas morreram nesta sexta-feira (21/9) no Paquistão, no início de um dia de protestos contra um vídeo panfletário produzido nos Estados Unidos que desatou a ira do mundo muçulmano, que aumentou após a publicação de charges do profeta Maomé na França. As representações diplomáticas ocidentais nos países muçulmanos reforçaram as medidas de segurança diante do risco de uma nova onda de violência ao fim da oração muçulmana de sexta-feira.

Mais de 30 pessoas morreram nos últimos 10 dias nos países islâmicos, em incidentes e atentados motivados principalmente pela divulgação no Youtube de trechos do filme anti-islâmico "A Inocência dos Muçulmanos". A França decidiu fechar suas embaixadas, consulados, centros culturais e escolas em quase 20 países, pelo temor de ataques após a publicação de charges de Maomé na revista satírica francesa Charlie Hebdo.

Treze pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas nas violentas manifestações realizadas nas grandes cidades paquistanesas, onde dois cinemas foram queimados pela multidão enfurecida. Um total de quatro pessoas, três manifestantes e o motorista de um canal de televisão paquistanês, ARY News, foram mortos nos confrontos com a polícia em Peshawar, nordeste, e outros nove, incluindo um policial, em Karachi, sul.

As representações diplomáticas ocidentais nos países muçulmanos reforçaram as medidas de segurança diante do risco de uma nova onda de violência ao fim da oração muçulmana de sexta-feira

Distúrbios serão investigados

O chefe da polícia de Peshawar, Imtiaz Iltaf, declarou que os distúrbios serão investigados e, se for o caso, os agentes da ordem pública serão levados à justiça. "Não pedimos a ninguém que abrisse fogo contra os manifestantes, mas a polícia também foi alvo de disparos. Todo policial que tiver disparado contra os manifestantes terá de comparecer ante a justiça", acrescentou.

Distúrbios de menor magnitude foram registrados em Rawalpindi, cidade vizinha de Islamabad. Os governos dos países muçulmanos estão diante do dilema de autorizar os protestos e evitar os desmandos dos grupos extremistas.

O governo paquistanês decretou feriado nesta sexta-feira, um dia dedicado à honra do profeta dos muçulmanos, para facilitar a participação nas manifestações e demonstrar indignação com o polêmico vídeo. Mas também decidiu cortar os serviços de telefonia celular durante o dia para dificultar a coordenação de eventuais atentados talibãs ou de fundamentalistas vinculados à rede Al-Qaeda.

As autoridades da Tunísia proibiram qualquer manifestação durante o dia, sob a alegação de estar a par de preparativos de atos de violência. O governo islamita tunisiano, surgido da Primavera Árabe, teme agora ser alvo do salafismo jihadista, uma corrente extremista com crescente pregação social. Os salafistas jihadistas "são um perigo", afirmou à AFP Rashed Ghanuchi, principal dirigente do Ennahda, o partido governista, que prometeu combater os extremistas.



[SAIBAMAIS]Outros incidentes foram registrados na Indonésia, o país com maior número de maometanos do mundo, onde manifestantes queimaram bandeiras dos Estados Unidos, França e Israel em protestos nas cidades de Medan (Sumatra) e Surabaya (Java).

Imagens bloqueadas

O YouTube restringiu nos últimos dias o acesso ao vídeo "A Inocência dos Muçulmanos" em vários países, incluindo Líbia e Egito, onde começaram os protestos. Outros países, como Paquistão e Sudão, bloquearam por iniciativa própria as imagens.

O vídeo panfletário foi atribuído a extremistas cristãos dos Estados Unidos, mas o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, considera uma "conspiração israelense" que pretende "dividir (os muçulmanos) e provocar um conflito sectário". Nos Estados Unidos, o vídeo permanecerá disponível, após a decisão de um juiz de Los Angeles que recusou o pedido de uma atriz que alegava ter sido enganada pelos produtores do filme.

A publicação das charges do profeta Maomé na revista Charlie Hebdo aumentou a tensão e provocou um amplo debate na França sobre a liberdade de expressão. A polícia francesa proibiu uma manifestação convocada para sábado diante da Grande Mesquita de Paris sob o lema "Não toque no meu Profeta".

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