Atme - O território da Síria escapa cada vez mais do controle das forças do regime de Bashar al-Assad, e apenas a superioridade aérea permite que não sejam superadas, afirmou à AFP um coronel insurgente.
"Com ou sem a ajuda externa que pode ser fornecida, a queda do regime é uma questão de meses, não de anos", disse o coronel Ahmad Abdel Wahab, entrevistado na localidade de Atme, perto da fronteira turca.
Wahab afirma que comanda uma brigada de 850 homens do Exército Sírio Livre (ESL).
"Se tivéssemos armas antiaéreas e antitanques eficazes, poderíamos tomar a dianteira muito rapidamente. Mas, mesmo que os outros países não nos entreguem, de todas as maneiras venceremos. Levará mais tempo, apenas isto", afirmou.
"Nós controlamos a maior parte do país. Na maior parte das regiões, os soldados estão prisioneiros em seus quartéis. Saem muito pouco, mas nós atuamos de acordo com nossa vontade quase em todas as partes, exceto Damasco".
[SAIBAMAIS]"Basta evitar as grandes estradas para que possamos nos deslocar como queremos", disse.
Não é possível confirmar as declarações de forma independente pelas fortes restrições aos deslocamentos dos meios de comunicação estrangeiros impostas pelo regime desde o início do conflito, há 18 meses.
Wahab afirmou que há nove meses era coronel do Exército, mas desertou em consequência da "magnitude dos crimes do regime, que massacra a própria população".
O coronel rebelde afirma comandar quatro batalhões, reunidos na brigada "Naser Salahedin", em Aleppo e sua região. Também alega participar na reunião cotidiana dos líderes insurgentes na grande cidade do norte da Síria, que repassa instruções aos rebeldes.
Neste domingo, a aviação síria bombardeou vários redutos rebeldes no país, incluindo Homs e Deir Ezor, e derrubou alguns edifícios, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Na grande cidade de Bukamal, na fronteira com o Iraque, na província de Deir Ezor (leste), os aviões do regime de Bashar al-Assad dispararam mísseis contra edifícios, ao mesmo tempo que soldados e rebeldes se enfrentavam em vários bairros da cidade.
"Os insurgentes tentam controlar esta cidade estratégica, em uma província rica em petróleo, assim como o aeroporto militar de Hamdane", afirmou Rami Abdel Rhamane, presidente do OSDH.
"Se conseguirem controlar esta cidade, será um golpe fatal para o regime", destacou.
Em Homs (centro), terceira cidade do país, o Exército bombardeou vários bairros controlados pelos rebeldes como Jobar, Sultaniyeh e Baba Amr.
A província de Lattaquieh (noroeste) também foi alvo de ataques, de acordo com o OSDH, ONG que tem uma ampla rede de informantes.
Os bombardeios também derrubaram prédios na província de Idleb, em Hama (centro) e Deraa, berço dos protestos no sul do país.
Na cidade de Aleppo (norte), os combates eram menos intensos que nos últimos dias.
No sábado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o mediador internacional Lakhdar Brahimi se reuniram para analisar o conflito na Síria e manifestaram a esperança de que a Assembleia Geral das Nações Unidas ajude a melhorar a situação humanitária no país.
Em um comunicado, ambos afirmam que abordaram o que consideram "os horrorosos níveis de violência na Síria".
Também examinaram formas de avançar para uma solução política que responda às demandas do povo sírio.