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Chefe da ONU alerta que situação na Síria pode ter consequências regionais

Agência France-Presse
postado em 25/09/2012 16:30

Damasco - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, classificou nesta terça-feira (25/9), ao abrir a 67; Assembleia Geral da ONU, a situação na Síria como "uma calamidade regional com ramificações globais", enquanto que o regime de Bashar al-Assad afirmou ter reconquistado um bairro de Aleppo, cidade estratégica neste conflito.

Ban pediu uma ação do Conselho de Segurança para pôr fim à violência que deixou mais de 29.000 mortos em 18 meses, segundo o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"É uma ameaça grave e crescente para a paz e a segurança internacional, que exige a atenção do Conselho de Segurança", enfatizou, pedindo que este órgão "apoie de maneira sólida e concreta os esforços" do enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi.

O caso sírio está bloqueado no Conselho de Segurança devido à oposição de China e Rússia, fiéis aliados do regime sírio, à aplicação de sanções contra Damasco. Estes países bloquearam resoluções neste sentido em três ocasiões.

"Devemos deter a violência e o fluxo de armas para os dois lados e por em andamento tão logo seja possível uma transição liderada por sírios", continuou Ban.

O presidente americano, Barack Obama, também falando na tribuna da ONU, não usou meias palavras para dizer que a solução para a Síria é a saída de Assad do poder.

"O futuro não deve pertencer a um ditador que massacra seu povo", afirmou Obama referindo-se ao dirigente sírio. "Aqui, reunidos, voltamos a declarar que o regime de Bashar Al-Assad deve chegar ao fim para que se detenha o sofrimento do povo sírio".

Obama fez um apelo à comunidade internacional para que atue para pôr fim à sangrenta guerra civil.

"Este é o caminho pelo qual trabalhamos: sanções e consequências para aqueles que perseguem; assistência e apoio para aqueles que trabalham pelo bem comum", acrescentou.

Tropas do regime reconquistam bairro de Aleppo

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Enquanto isso, na Síria, os combates e bombardeios seguiam causando estragos em uma grande parte do país, em particular em Aleppo, a segunda maior cidade, crucial para os rebeldes e para as tropas fiéis ao regime.

O governo afirmou ter reconquistado o grande bairro de Arkoub, no leste de Aleppo. Uma fonte militar declarou a um jornalista da AFP que as operações foram concluídas nesse bairro.

Mas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma rede de militantes no terreno, os combates prosseguiam na área. O correspondente da AFP ouviu disparos justamente no bairro citado.

Já em Damasco, na estrada que leva ao aeroporto, foram ouvidas fortes explosões, que teriam deixado feridos, ainda de acordo com o OSDH.

Na província de Deraa (sul), ao menos seis soldados morreram na explosão de bombas e em combates em torno de uma rodovia.

[SAIBAMAIS] Em Jisr al-Shughour, província de Idleb (noroeste), e em Homs (centro) violentos combates eclodiram. Onze pessoas morreram nos bombardeiros em Deir Ezzor (leste), enquanto em Banias (oeste) as forças de segurança incendiaram moradias e prenderam 14 pessoas.

Um líder rebelde, o coronel Kasem Saadedin, porta-voz oficial do Exército Sírio Livre (ESL) no interior do país e chefe militar rebelde da região de Homs (centro), escapou ileso de uma tentativa de assassinato, segundo uma fonte do ESL.

No total, nesta terça, 93 pessoas morreram, incluindo 51 civis, em todo o país, segundo um registro provisório do OSDH.

A ONG "Save the children", de defesa das crianças, alertou que inúmeros menores sírios, testemunhas de assassinatos, torturas e outras atrocidades, estão traumatizados pelo conflito.

Desde que a revolta contra o regime teve início, cerca de 2.000 crianças foram vitimadas pela violência, segundo o OSDH.

Na segunda-feira, ao menos 12 crianças estavam as 116 pessoas mortas em episódios de violência na Síria.

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