Damasco - A sede do Estado-Maior do Exército sírio em Damasco foi alvo nesta quarta-feira (26/9) de um duplo atentado suicida, no qual morreram ao menos quatro guardas, e que foi seguido por intensos combates entre rebeldes e soldados.
Com dez minutos de intervalo, os terroristas conduziram na manhã de hoje seus carros-bomba nos arredores e no interior do edifício, a poucos metros da Praça dos Omíadas, onde há vários prédios do governo e dos serviços de segurança, indicaram as autoridades.
Em um comunicado, o Exército sírio afirmou que todos os comandantes militares e oficiais do Estado-Maior estavam "sãos e salvos", após as explosões. Uma fonte militar citada pela televisão estatal afirmou que no ataque quatro guardas morreram, e 14 civis e militares ficaram feridos.
Em um primeiro momento, o ataque foi reivindicado pelo Exército Sírio Livre (ESL), formado por desertores e civis que se armaram contra a repressão do governo, e horas depois por um grupo islamita anti-regime.
Em um comunicado divulgado na internet, o braço em Damasco da organização Tajamo Ansar al-Islam (União dos partidários do Islã), afirmou que um suicida explodiu seu veículo na entrada principal do edifício, e que as bombas colocadas no terceiro andar foram ativadas com a ajuda de militares.
Outros quatro combatentes que entraram no prédio morreram "no caos que se produziu em seguida", indicou o comunicado.
Um jornalista sírio da emissora iraniana Press TV, Maya Naser, foi morto por um franco-atirador quando se dirigia ao local para cobrir o evento. O chefe do escritório do canal em Damasco, o libanês Hussein Mortada, ficou ferido.
Cumplicidade dos militares
Os serviços de segurança bloquearam os acessos ao centro de Damasco, constatou a AFP. A fachada da sede do Estado-Maior estava destruída, com vidros estilhaçados espalhados. Fora do complexo militar há uma cratera de dois metros de profundidade.
Em declarações anteriores à reivindicação islamita, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e o Exército Sírio Livre afirmaram que o ataque foi possível graças à cumplicidade de militares dentro do edifício.
"Parece que a operação foi um motim dentro do Estado-Maior", declarou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH.
Após o duplo ataque, tiveram início intensos combates entre rebeldes e militares dentro da sede do Estado-Maior, segundo Rahman.
[SAIBAMAIS] São os "combates mais violentos no coração de Damasco desde o início da revolta e o atentado mais violento na capital desde 18 de julho", acrescentou. No atentado anterior, que teve como alvo o edifício da Segurança Nacional, quatro autoridades militares morreram, entre eles o cunhado do presidente Bashar al-Assad.
Mulheres e crianças executadas
Enquanto o impasse diplomático internacional persiste, governo e rebeldes continuam decididos a lutar até o fim, em um conflito que já dura mais de 18 meses e que provocou a morte de mais de 30.000 pessoas, das quais mais de 21.000 civis, segundo um registro divulgado nesta quarta-feira pelo OSDH.
Em Damasco, pelo menos 16 pessoas, entre elas seis mulheres e três crianças, foram executadas em suas casas por milicianos partidários do regime no bairro sunita de Barzé (norte), segundo o OSDH.
Em outras partes do país, o bombardeio a redutos rebeldes causou ao menos 17 mortes na cidade de Deir Ezzor (leste) e sete na província de Damasco.
No primeiro dia de trabalhos da Assembleia Geral da ONU, na terça-feira em Nova York, o Qatar pediu uma intervenção militar dos países árabes na Síria, e o presidente americano Barack Obama afirmou que o regime de Assad precisa acabar.