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Imã radical Abu Hamza, suspeito de terrorismo, é extraditado para EUA

Agência France-Presse
postado em 05/10/2012 21:42

Londres - O imã radical Abu Hamza e outros quatro suspeitos de atividades terroristas foram extraditados da Grã-Bretanha para os Estados Unidos, informou nesta sexta-feira (5/10) a secretária britânica do Interior, Theresa May.

O clérigo islâmico nascido no Egito e ex-imã da mesquita londrina de Finsbury Park e outros quatro acusados foram colocados em dois aviões na base aérea de Mildenhall, no leste da Inglaterra, ao final de oito anos de batalha judicial.

Os Estados Unidos pediam sua extradição por "atividades relacionadas ao terrorismo".

"Confirmo que esta noite dois aviões decolaram da base da Royal Air Force em Mildenhall", disse a ministra em um comunicado. Os suspeitos seguem para os "Estados Unidos onde serão julgados".

Além de Abu Hamza, foram extraditados Jaled Al Fawwaz, Babar Ahmad, Adel Abdul Bary e Syed Tahla Ahsan.

Os cinco haviam recorrido à Suprema Corte na semana passada, após o sinal verde do Tribunal Europeu de Direitos Humanos para sua extradição.

O Supremo rejeitou o recurso nesta sexta-feira (5/10), e logo em seguida um comboio de veículos policiais, incluindo furgões blindados, seguiu da penitenciária de Long Lartin, na região de Birmingham (centro) para a base de Mildenhall.

"Os recursos dos cinco demandantes foram rejeitados e sua extradição aos Estados Unidos pode ser executada imediatamente", destacou o tribunal.

"Estamos satisfeitos de que o processo de extradição nestes casos tenha chegado ao fim", declarou em Washington Dean Boyd, porta-voz do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Segundo a BBC, dois aviões civis, um dos quais registrado no departamento americano de Justiça, levam os suspeitos para os Estados Unidos.

O advogado de Abu Hamza tentou impedir a extradição alegando que seu cliente necessitava de um exame de ressonância magnética para determinar se sofre ou não de uma doença "degenerativa".

Abu Hamza, de 54 anos, nascido no Egito e naturalizado britânico, lutava há oito anos contra o processo de extradição. O ex-imã é acusado por Washington de ter participado do sequestro de 16 turistas ocidentais no Iêmen, em 1998, onde quatro pessoas morreram durante uma operação militar para libertá-los.

Ele também é suspeito de ter participado da abertura de um campo de treinamento nos Estados Unidos em 2000-2001 e de ter ajudado os candidatos à "jihad" que pretendiam viajar ao Oriente Médio para praticar ataques.

[SAIBAMAIS] Babar Ahmad, 38 anos, é um cientista da computação britânico preso há oito anos no Reino Unido sem julgamento. É suspeito pelos Estados Unidos de ter criado um site dedicado a arrecadar fundos para o terrorismo, de acordo com o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH).

Uma petição, lançada por sua família e assinada por 150 mil pessoas, foi enviada no ano passado para o governo britânico para solicitar seu julgamento na Grã-Bretanha.

Nesta sexta-feira (5/10), depois da audiência, seu pai considerou a decisão do tribunal como um "capítulo vergonhoso na história da Inglaterra" e "uma decisão predeterminada por Washington".

Syed Ahsan Tahla, 32 anos, britânico, é acusado de conspiração para matar, sequestrar, mutilar ou ferir pessoas ou provocar danos materiais em um país estrangeiro, de acordo com o CEDH.

Os advogados de Babar Ahmad e Syed Ahsan Tahla pediram para que fossem julgados em Londres.

Adel Abdul Bary, 52 anos, egípcio, e Khaled Al-Fawwaz, 50 anos, da Arábia Saudita, foram indiciados por suposto envolvimento nos ataques contra as embaixadas dos Estados Unidos em Dar-es-Salaam e Nairobi em 1998, que teve mais de 220 mortos.

O advogado do saudita argumentou à Suprema Corte que o nome de seu cliente nunca apareceu nas 800 páginas de audiências de suspeitos dos atentados de 1998.

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