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Líder opositor visita Síria em dia de grande ofensiva na região de Homs

Agência France-Presse
postado em 08/10/2012 18:21
DAMASCO - O chefe da principal coalizão opositora viajou nesta segunda-feira para a Síria, onde o Exército lançou uma ofensiva generalizada para tentar aniquilar até o final da semana os bolsões de resistência em Homs, "capital da revolução".

O chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), Abdel Basset Sayda, que fazia a sua primeira visita à Síria desde a sua designação em junho, foi à cidade de Bab al-Hawa, na fronteira com a Turquia, na província de Idleb, indicaram à AFP membros da rebelião que controla esta zona.



Ele se reuniu principalmente com os chefes dos conselhos militares do ESL para as províncias de Aleppo e Idleb, durante um encontro dedicado em parte à questão do financiamento e do apoio aos grupos rebeldes dessas regiões do noroeste do país.

Enquanto isso, na fronteira nordeste do país, o Exército turco respondeu novamente à queda de um morteiro na província de Hatay, disparando contra posições do Exército sírio.

Depois do bombardeio na quarta-feira de um vilarejo fronteiriço que causou a morte de cinco civis turcos, Ancara tem respondido imediatamente aos disparos sírios, pelos quais o Exército regular é considerado responsável. A ONU indicou que teme uma escalada de violência entre os dois países.

Em outro sinal de que o conflito sírio ameaça a estabilidade na região, um morteiro disparado a partir da Síria caiu nesta segunda-feira no norte do Líbano, segundo uma fonte dos serviços de segurança libaneses.

32.000 mortos em 19 meses

A violência na Síria provocou a morte de pelo menos 32.000 pessoas, em sua grande maioria civis, desde o início de um movimento de contestação contra o regime, em março de 2011, segundo contas do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"O Exército tenta limpar os últimos bairros rebeldes de Homs", afirmou uma fonte dos serviços de segurança sírios. Pulmão industrial da Síria, Homs foi batizada pelos opositores "capital da revolução" por ter sido a vanguarda da onda de contestação contra o regime de Bashar al-Assad.

"O Exército também limpou as aldeias em torno de Qousseir e tenta agora tomar a cidade", acrescentou esta fonte. A informação foi confirmada pelos insurgentes.

As duas localidades ficam a uma distância de cerca de 30 km uma da outra.

Uma outra fonte da segurança síria afirmou que o Exército pretende se apoderar dos dois redutos da oposição até o final da semana. "Depois, vamos nos concentrar no norte da Síria", disse.

A província de Homs é a maior e mais estratégica do país. Localizada nas fronteiras com Líbano e Iraque, ela liga o norte ao sul da Síria.

Militantes em Homs consideram que se trata de um ataque sem precedentes.

No norte do país, as tropas sírias bombardearam novamente Aleppo, segunda maior cidade da Síria e cenário de uma batalha crucial desde meados de julho, indicou o OSDH.

"As pessoas têm medo e não sabem mais para onde ir", declarou Khaled, pai de cinco filhos, que fugiu durante o verão para o bairro de Salaheddine, que se tornou um campo de batalha.

"Agora que o inverno está chegando, estamos ainda mais tensos. A situação econômica está um desastre, não temos mais ganha-pão", explicou este homem de 47 anos, refugiado nos dormitórios da universidade da cidade.

Em Damasco, as forças do regime realizam uma "campanha de destruição de casas" nos bairros de Qaboun e Barzé, que causou um movimento de êxodo da população, de acordo com o OSDH, que se baseia em uma ampla rede de ativistas e médicos.

Esperança para reféns iranianos

Os rebeldes sírios indicaram que haviam adiado a sua ameaça de matar dezenas de reféns iranianos sequestrados na Síria desde o início de agosto, indicando que uma mediação turca estava em curso.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou para uma escalada da violência regional.

"A escalada do conflito na fronteira sírio-turca e as repercussões da crise no Líbano são extremamente perigosas", advertiu ele em Estrasburgo, antes de pedir aos doadores que atendam "de maneira mais generosa às necessidades da população na Síria e de mais de 300.000 refugiados nos países vizinhos".

No plano diplomático, Damasco rejeitou uma proposta feita por Ancara no sábado relativa a um período de transição dirigido pelo atual vice-presidente sírio, Farouk al-Chareh, que substituiria o presidente Assad.

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, voou para Moscou para abordar o conflito na Síria.

Moscou, um aliado do regime sírio, e Bagdá pedem regularmente por uma solução política para o conflito e se recusam a exigir a saída do presidente Assad.

Nos Estados Unidos, o candidato republicano à Casa Branca Mitt Romney lançou um novo apelo para que a oposição síria receba armas.

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