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Jovem ativista antitalibã jurada de morte é transferida a outro hospital

Agência France-Presse
postado em 11/10/2012 11:11

Peshawar - A ativista paquistanesa antitalibã de 14 anos que sobreviveu a uma tentativa de assassinato dos talibãs na terça-feira foi transferida para um hospital de Rawalpindi, uma cidade próxima a Islamabad, informou nesta quinta-feira uma fonte oficial.

"Ainda não está fora de perigo, apesar da melhora de seu estado de saúde. Estamos levando-a a Rawalpindi", declarou Masood Kausar, governador da província de Khiber Pajtunkhwa (noroeste), onde Malala Yusufzai foi atacada na terça-feira por combatentes do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP). Indagado sobre se a adolescente seria internada em um hospital militar de Rawalpindi, um estabelecimento mais bem equipado, um funcionário militar limitou-se a confirmar a transferência e informou que será feito um anúncio oficial.

Um dos médicos do hospital de Peshawar, a cidade norte-ocidental onde recebe tratamento, disse antes que o estado de saúde da ativista estava melhorando. "O estado de saúde de Malala é bem melhor hoje do que era na terça-feira. Encontra-se em um estado estável", afirmou o médico Mumtaz Khan. Malala Yusufzai foi atacada na terça-feira em plena luz do dia por combatentes do TTP, aliado da Al-Qaeda, em Mingora, a principal cidade do vale do Swat que o exército arrebatou dos rebeldes islamitas em 2009. Outros dois estudantes foram feridos.

Inicialmente, os médicos locais disseram que a adolescente se encontrava "fora de perigo", mas mais tarde médicos de Peshawar julgaram que seu estado era "crítico". Os cirurgiões já extraíram uma bala de seu ombro. Os médicos disseram inicialmente que o impacto de bala no crânio não havia atingido o cérebro, mas fontes hospitalares consideram agora que o órgão foi afetado. "Há cerca de 70% de probabilidades de que sobreviva", considerou o médico Khan.

Mehmoodul Hassan, um parente da adolescente, havia anunciado que os médicos buscavam um hospital em melhores condições. "Eles estão verificando se há melhores instalações no Reino Unido ou em Dubai ou em outro país. Depois decidirão se deve receber tratamento no exterior ou aqui", disse Hassan.

[SAIBAMAIS]Malala Yusafzai é conhecida no exterior por seu blog em urdu no site da BBC desde 2009, quando com apenas 11 anos denunciava os atos de violência cometidos pelos talibãs, que incendiavam escolas para meninas e assassinavam seus opositores no vale do Swat.



No ano passado, a adolescente recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz criado pelo governo paquistanês. O Talibã reivindicou a autoria do atentado, mas tentou se justificar pelo ato condenado de forma unânime pelos Estados Unidos, França, organizações dos direitos Humanos, governo e imprensa paquistaneses. "Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada moderação", escreveu em um e-mail o porta-voz do TTP Ihsanullah Ihsan.

"O TTP não acredita em ataques específicos contra as mulheres, mas qualquer pessoa que dirige uma campanha contra o Islã e a Sharia (lei islâmica) deve ser morta", disse, acrescentando que a pouca idade de Malala Yousufzai não era uma razão para a clemência. Pequenas manifestações em apoio a Malala aconteceram no Paquistão, e um protesto foi agendado para sábado em Mingora.

Os deputados paquistaneses também suspenderam os trabalhos nesta quarta-feira para condenar o ataque e rezar pela recuperação rápida da menina que "é um modelo para todo o país", ressaltou o ministro das Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar. O líder do Exército paquistanês, o general Ashfaq Kayani, visitou o hospital e pediu reforços na luta contra o terrorismo. O Paquistão, país muçulmano de 180 milhões de pessoas, experimenta um aumento no fundamentalismo religioso e está na linha de frente da guerra americana contra o terrorismo. As regiões tribais do noroeste do país, apoiadas pelo Afeganistão, são consideradas como um santuário para os talibãs e movimentos ligados à Al-Qaeda.

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