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Tuberculose recua no mundo, mas luta contra a doença ainda é frágil

Agência France-Presse
postado em 17/10/2012 17:40

Washington - Os casos de tuberculose se mantêm em queda no mundo, mas a luta contra a doença permanece frágil, anunciou esta quarta-feira (17/10) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A dinâmica criada para fazer a doença fracassar está em autêntico perigo", advertiu em um comunicado Mario Raviglione, diretor do departamento da OMS dedicado ao combate da tuberculose.

"Hoje em dia estamos em uma encruzilhada, rumo à eliminação da tuberculose da nossa vida ou a milhões de mortes a mais provocadas pela doença", acrescentou.

Segundo o relatório de 2012 da OMS, publicado em Washington esta quarta-feira (17/10), 8,7 milhões de pessoas contraíram a doença em 2011 (das quais 13% também estão infectadas pelo vírus da Aids) contra os 8,8 milhões no ano anterior, o que representa uma redução de 41% desde 1990.

Mas "a carga continua sendo considerável" em relação ao número de mortes, que se manteve estável em relação ao ano anterior, em 1,4 milhão, acrescentou a OMS. Em 2003, a mortalidade alcançou um pico de 1,8 milhão de mortes.

A tuberculose continua sendo "a principal doença infecciosa mortal hoje em dia", destacou a OMS.

Cinquenta e nove por cento dos casos foram detectados na Ásia e 26% na África. Índia e China são os dois países mais afetados, com cerca de 40% dos casos do mundo.

Meio milhão de crianças menores de 15 anos contraíram a doença e 64.000 morreram no ano passado, detalhou a OMS pela primeira vez.

Desde 1995, ano de lançamento do programa mundial de combate à doença, até 2011, 51 milhões de pessoas tinham sido curadas e 20 milhões de vidas foram salvas.

"Este resultado traduz o compromisso dos governos em transformar a luta contra a tuberculose", avalia a OMS, que comemora os avanços feitos em termos de diagnósticos para detectar a doença pulmonar, assim como as novas possibilidades de vacinas e os avanços da pesquisa farmacêutica.

Diagnósticos em 100 minutos

Mas, segundo a OMS, a luta "continua sendo frágil".

O relatório aponta, assim, uma "diminuição da taxa de incidência e de mortalidade" em todas as partes, mas destaca "um avanço ainda muito lento na resposta à tuberculose multirresistente, com apenas um de cada cinco pacientes diagnosticados no mundo". Na Índia e na China, os países mais afetados, a taxa de diagnosticados é de uma em cada dez pessoas.

Talvez este seja o maior desafio, identificar e tratar a tuberculose resistente a vários medicamentos, que se apresenta em 4% dos novos casos e em 20% das pessoas previamente tratadas com a doença.

No entanto, a OMS destaca o êxito conseguido no Camboja, que registrou uma redução de 45% na prevalência da tuberculose entre 2002 e 2011.

Por isso, comemoram os resultados "impressionantes" obtidos com os novos testes, que podem oferecer um diagnóstico em 100 minutos e que estão disponíveis em 67 países, e desde agosto a um preço mais acessível.

Novos medicamentos promissores - os primeiros em 40 anos - foram descobertos e poderiam chegar ao mercado em 2013, segundo a OMS.

"A longo prazo, estes avanços indicam que uma vacina antituberculose" poderia estar disponível em dez anos, avalia a organização internacional.

Mas para diversas associações, o ritmo da luta contra a tuberculose deveria aumentar. "Os tratamentos são inadequados", segundo a organização TB Alliance (Aliança Tuberculose), que tenta buscar medicamentos "mais rápidos, menos complexos e meno caros".

A organização Médicos Sem Fronteiras lembra "que se você tem a sorte de ser diagnosticado e tratado, tem 48% de chances de ser curado".

[SAIBAMAIS] O jornal médico "The Lancet" se posiciona no mesmo sentido, ao destacar em um editorial coincidente com a publicação do relatório que "o cuidado e o financiamento insuficiente durante várias décadas permitiram que a epidemia continue sendo uma grande cicatriz na reputação da saúde pública".

Faltam 3 bilhões de dólares ao ano para combater a doença, dos US$ 8 bilhões que são necessários anualmente, e também US$ 1,4 bilhão dos US$ 2 bilhões exigidos para pesquisa e desenvolvimento.

"Este déficit ameaça retardar a administração de tratamentos antituberculose a pacientes e afrouxar as medidas" de prevenção, destaca Katherine Floyd, que coordenou o informe.

A OMS pede, assim, um "financiamento internacional dirigido pelos doadores à continuação dos investimentos dos próprios países" para proteger os avanços realizados.

Hoje em dia, 90% da ajuda dos doadores externos contra a tuberculose provêm do Fundo Mundial de Luta contra a Aids, a tuberculose e a malária.

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