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Começam as negociações de paz entre Farc e governo colombiano na Noruega

Agência France-Presse
postado em 18/10/2012 15:05

Hurdal - O governo colombiano e a guerrilha marxista das Farc iniciaram nesta quinta-feira (18/10) na Noruega um processo de paz que prosseguirá a partir de 15 de novembro em Havana, com a intenção de colocar fim a um conflito de quase meio século.

"Reunidos em Oslo (Noruega), os porta-vozes do Governo da Colômbia e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo, Farc - EP, estabelecemos a instalação pública da mesa de negociações encarregada de desenvolver o acordo geral para o fim do conflito e para a construção de uma paz estável e duradoura", afirma o comunicado divulgado em Hurdal, ao norte da capital norueguesa.

"Desta maneira, começa formalmente a segunda fase" das negociações, acrescenta o texto, lido por um representante de Cuba, que, junto com a Noruega, atua como fiadora do diálogo.

A primeira fase foi realizada em Havana, em contatos secretos, e a segunda começará no dia 15 de novembro na ilha caribenha, já com a abordagem do primeiro dos cinco pontos da agenda decidida, sobre desenvolvimento agrário.

Os outros pontos são participação política, narcotráfico, desarmamento e direitos das vítimas.

Uma terceira fase começará com a implementação de mecanismos de verificação de um eventual acordo final de paz, para o qual não há prazos.

O chefe negociador do governo, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle, reconheceu que as Farc "cumpriram rigorosamente com seus compromissos" e espera que detenham sua luta armada.

As delegações de ambas as partes compareceram juntas para a leitura do comunicado, em um sinal claro de compromisso de diálogo, mas não apertaram as mãos e depois realizaram coletivas de imprensa separadas.

As negociações serão realizadas sem um cessar-fogo, reivindicado pelos insurgentes, mas rejeitado nesta fase pelo governo do presidente Juan Manuel Santos.

"Um cessar-fogo não será discutido a não ser no fim" do processo, disse De la Calle.

Embora não existam prazos, o governo quer acelerar os resultados.

"Trabalhemos rápido, que é a melhor maneira de evitar o que está ocorrendo na Colômbia", disse o representante governamental.

O negociador das Farc, Iván Márquez, insistiu, por sua vez, que sem justiça social a paz seria uma "quimera".

[SAIBAMAIS] "Uma paz que não aborde a solução para os problemas políticos e sociais (...) equivaleria a semear de quimeras o solo da Colômbia", declarou Márquez.

Por isso, rejeita a precipitação.

"A suposta paz expressa que alguns promovem por sua sugestividade volátil (...) só conduziria aos precipícios da frustração", advertiu o líder guerrilheiro.

O diálogo em Oslo transcorreu em um ambiente "cordial, respeitoso", disse pela manhã uma fonte governamental colombiana.

Depois de três fracassos nos últimos 30 anos, o governo e as Farc dão, assim, outra oportunidade à paz, com a esperança de acabar com um conflito que em quase meio século deixou centenas de milhares de mortos e deslocados.

Para isso, contam com o apoio da comunidade internacional, incluindo o dos Estados Unidos, que os apoiam "sem se envolver", mas permanecendo informados "regularmente", afirmou na quarta-feira uma porta-voz do departamento de Estado.

A guerrilha das Farc não é a única ativa na Colômbia. O Exército de Libertação Nacional (ELN) conta com 2.500 integrantes.

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