Washington - O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan disse essa quinta-feira (18/10) que o Irã informou que aceitaria a queda de seu aliado sírio, Bashar al-Assad, se o país em conflito celebrasse eleições.
Annan, que até agosto passado foi o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, reiterou seu apelo a uma solução pacífica da crise neste país e advertiu que as armas introduzidas do exterior estão alimentando o conflito que já matou 34.000 pessoas.
Em visita a Washington, Annan disse ter percebido apoio para uma saída democrática na Síria quando esteve em Teerã em julho e se reuniu com três altos dirigentes iranianos, inclusive o presidente Mahmud Amadinejad. "Todos me transmitiram a mesma mensagem quando os pressionei - que ;aceitamos que Assad deva partir, mas se deve permitir que o povo sírio decida através de eleições, embora sejam organizadas sob a autoridade da ONU", disse Annan.
[SAIBAMAIS]"Uma frase característica que me disseram é que ;a democracia é uma solução, a democracia é a resposta na Síria;", acrescentou Annan no centro de pesquisas The Brookings Institution. O diplomata acrescentou que os líderes iranianos não limitaram seus apelos pela democracia na Síria, mas deixaram claro que apoiarão um caminho similar para o Bahrein, monarquia aliada de Washington que esmagou os protestos xiitas, majoritários no reino.
Chefiado por clérigos xiitas, o Irã é o principal aliado regional de Assad e critica os países ocidentais e árabes que apoiam os grupos opositores neste país, governado por uma seita alauita. Neste sentido, Teerã nega as acusações dos Estados Unidos de que envia armas para a Síria.
Washington diz fornecer apenas armas não letais à oposição síria, mas os regimes sunitas da Arábia Saudita e do Qatar são considerados a origem das armas de que dispõem os rebeldes. Annan criticou o envio de armas, afirmando que a Síria está "quase em uma guerra sectária" que poderia se espalhar pela região.
"Disse há tempos que a Síria, diferente da Líbia, não implodirá, mas provavelmente explodirá para além de suas fronteiras", advertiu. Annan, que chefiou a ONU durante 10 anos, com frequência turbulentos, desde 1997, visitou Washington para promover suas memórias, "Interventions: A Life in War and Peace" (Intervenções: Uma vida em guerra e paz).