Agência France-Presse
postado em 20/10/2012 12:05
Beirute - O primeiro-ministro libanês Najib Mikati anunciou neste sábado que continuará à frente do governo a pedido do presidente, em declarações à imprensa depois de uma reunião extraordinária do governo convocada em função do assassinato na véspera do chefe de inteligência do governo no atentado que também matou outras sete pessoas na capital Beirute. "Assegurei ao presidente da República que não estava atado ao posto de governo. Ele me pediu que eu ficasse porque não se trata de um assunto pessoal e sim de interesse nacional", afirmou Mikati.Na sexta, depois do atentado que matou o chefe da inteligência, a oposição libanesa hostil ao regime da Síria pediu a renúncia do primeiro-ministro. O presidente Michel Suleiman pediu a ele que ficasse no cargo para evitar um vazio político, explicou Mikati, precisando que o chefe de Estado vai consultar todas as forças políticas antes de tomar uma decisão. Uma fonte da presidência afirmou à AFP que Mikati não chegou a apresentar sua renúncia, mas expressou sua intenção de fazê-lo. O chefe do serviço de inteligência das Forças de Segurança Interna (FSI) no Líbano, Wissam al-Hassan morreu no atentado que suscita temores da retomada dos atentados e assassinatos contra personalidades políticas hostis à Síria ocorridos entre 2005 e 2008.
A explosão ocorreu a apenas 200 metros da sede do partido cristão, o Phalange, contrário ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad. O general Hassan era ligado a Saad Hariri, líder da oposição libanesa hostil ao regime de Damasco, e era considerado um dos principais candidatos para assumir o comando das FSI no final do ano.
[SAIBAMAIS]A oposição libanesa pediu a renúncia do governo, no qual Hezbollah xiita tem um papel predominante, após o assassinato do chefe da inteligência da polícia libanesa, atribuído ao presidente sírio Bashar al-Assad.
Samir Geagea, um dos líderes opositores, afirmou que Hassan havia acionado "medidas de segurança excepcionais" para se proteger de eventuais ataques. Os serviços de inteligência das FSI também tiveram um papel fundamental na busca dos responsáveis pelos atentados e assassinatos que tiveram como alvos personalidades políticas entre 2005 e 2008 e pelos quais Damasco foi acusado, principalmente pela morte do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai de Saad, em 2005.
A classe política, dividida entre partidários e adversários do regime sírio, condenou de forma unânime o atentado, mas evitou acusações. O general será enterrado no domingo junto ao túmul de seu mentor Rafic Hariri, segundo anunciou o general Archraf Rifi, chefe da polícia libanesa. A potente explosão de sexta, a primeira deste tipo na região de Beirute desde 2008, reaviva a preocupação por um contágio do conflito sírio, que divide os libaneses.
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O maior atentado com carro-bomba desde a guerra civil libanesa, de 1975 a 1990, ocorreu no dia 14 de fevereiro de 2005, quando uma grande explosão matou o ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri e outras 22 pessoas. Na ocasião, o Líbano estava ocupado por tropas sírias, que entraram no país durante a guerra civil, e sua política era dominada por Damasco.
Hariri foi originalmente um simpatizante do regime sírio, mas se posicionou contra o governo antes de ser assassinado. Em todo o mundo, o atentado desta sexta suscitou uma onda de condenações.