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Questão agrária e narcotráfico travam acordo entre as Farc e a Colômbia

Rodrigo Craveiro
postado em 21/10/2012 06:43
Soldado colombiano encontra tenda para refino da droga, no meio da floresta, no departamento do Valle del Cauca: comércio da droga é uma das principais fontes de receita das Farc

;Desconfie das grandes palavras que nos fizeram tão desgraçados.; A frase do romancista e poeta irlandês James Joyce (1882-1941) retrata bem o sentimento de boa parte dos 45,2 milhões de colombianos, que sonham com a paz, mas preferem não se iludir com promessas. A retomada das negociações para um acordo que encerre meio século de um sangrento conflito é vista com otimismo, e também com cautela, por especialistas consultados pelo Correio. Em 15 de novembro, reunidos em Havana (Cuba), representantes do governo de Juan Manuel Santos e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) enfrentarão o primeiro grande teste, ao debater a questão agrária ; um dos pontos-chave da ideologia da maior guerrilha da América Latina que se tornou um tabu no país.



;Nas últimas duas décadas, a Colômbia testemunhou um processo de concentração da terra. Sem propôr uma reforma agrária, as Farc estimularam a colonização de áreas devolutas, zonas pouco aptas para o cultivo da folha de coca;, explica Fernando Natanael Cubides Cipagauta, sociólogo da Universidad Nacional de Colómbia (Bogotá). Se a questão fundiária é considerada sensível, o cientista político Carlo Nasi Lignarolo ; da Universidad de Los Andes, também na capital ; vê a temática do narcotráfico como inegociável. ;É algo simplesmente impossível de resolver na mesa de diálogo. É preciso debater esse assunto, no sentido de definir o papel das Farc no negócio e fixar seu status como distinto de um cartel de drogas;, defende o estudioso.

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