Agência France-Presse
postado em 21/10/2012 13:24
BEIRUTE - Milhares de pessoas se reuniram neste domingo no centro de Beirute para participar em uma grande manifestação contra Damasco e o governo libanês, por ocasião do funeral de um policial de alta patente ligado à oposição ao regime sírio e que foi assassinado em um atentado na sexta-feira.
A polícia precisou lançar bombas de gás lacrimogêneo para impedir que alguns manifestantes entrassem na sede do gabinete do primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, que a oposição exige que renuncie.
Após o funeral do chefe da inteligência da polícia libanesa, "jovens se encaminharam para o prédio que está localizado no centro da cidade, mas as forças de ordem impediram que eles entrassem, disparando para o ar e lançando bombas de gás lacrimogêneo", indicou um policial no local à AFP.
Na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, foram exibidos retratos gigantes do general Wissam al-Hassan, chefe da inteligência da polícia libanesa, com as palavras: "o mártir da justiça e da verdade".
"Uma só revolução em dois Estados", proclamava uma bandeira, em referência à Síria e ao Líbano, "Vá embora Najib" Mikati, o atual primeiro-ministro libanês, e "Bashar, fora do Serail", sede do chefe de Governo libanês. Neste gabinete, o partido xiita do Hezbollah, um poderoso aliado de Damasco e Teerã, ocupa uma posição de destaque.
Nesta praça emblemática da capital, os manifestantes agitavam bandeiras libanesas e da revolução síria, bandeiras azuis do Movimento Futuro, do líder da oposição Saad Hariri, e vermelhas do Partido Socialista Progressista, do líder druso Walid Jumblatt, um inimigo virulento do presidente sírio.
A maioria dos manifestantes são sunitas, comunidade à qual pertencia o oficial falecido, cristãos e drusos. Três pessoas, incluindo o general e seu motorista, morreram e 126 outras ficaram feridas em um atentado com um carro-bomba na sexta-feira em Beirute, de acordo com uma avaliação final.
"Queremos continuar o que começamos em 2005. Durante este período, os sírios saíram do Líbano. Agora queremos impedir que eles voltem e queremos expulsar o Irã", encarnado pelo movimento xiita do Hezbollah, disse à AFP Ahmad Fatfat, deputado do bloco do ex-primeiro-ministro Saad Hariri.
Ele acusou o governo atual, e principalmente o Hezbollah, de querer "a volta para o Líbano do (presidente sírio) Bashar al-Assad". Os opositores queriam repetir a enorme manifestação contra Damasco, que se seguiu ao assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, pai de Saad, e levou à retirada das tropas sírias do Líbano, em 2005.
Cerimônia militar
Durante uma cerimônia militar no quartel general da polícia, na presença do primeiro-ministro e da família do falecido, o Chefe de Estado, Michel Suleiman, pediu à Justiça para acelerar o processo de elaboração do ato de acusação contra o ex-deputado Michel Samaha.
Partidário incondicional do regime de Damasco, Samaha foi preso pelo general Hassan que o acusou de transportar explosivos para ataques com o objetivo de criar o caos a mando do chefe da poderosa inteligência síria, o general Ali Mamlouk.
Este oficial da polícia desempenhou um papel importante na investigação de numerosos ataques que tiveram como alvo, entre 2005 e 2008, personalidades libanesas anti-Síria, entre eles o próprio Rafik Hariri.
Mas, acima de tudo, ele desafiou o general Mamlouk, estando na origem de um mandado de prisão expedido contra ele em agosto pela justiça libanesa no quadro da investigação sobre Michel Samaha.
Mikati e Suleiman fizeram a ligação no sábado entre a morte do general e a prisão de Michel Samaha. O atentado teve como alvo "o chefe de um serviço de segurança eficaz que conseguiu desmantelar as redes terroristas (...) e descobriu outras redes ainda mais importantes e isso está relacionado com os explosivos transportados por Samaha da Síria", disse o chefe de Estado.
[SAIBAMAIS]Os caixões do general e de seu motorista estavam cobertos com a bandeira libanesa e foram transportados para a mesquita de al-Amin, onde aconteceu um funeral público. O oficial será enterrado no mausoléu de Rafik Hariri, que foi seu mentor, a pedido de Saad Hariri. O ataque foi atribuído na sexta-feira pela oposição libanesa e especialistas ao regime sírio, que enfrenta há 19 meses uma revolta que tenta esmagar.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou neste domingo que é "provável" o envolvimento de Damasco. "Tudo indica que isto é uma extensão da tragédia síria", disse, acusando o presidente Assad "de tentar ampliar o contágio" do conflito sírio aos países vizinhos.
Terremoto político
"É exatamente como o dia da morte de Rafik Hariri. Os sírios não estão mais aqui, mas há libaneses que trabalham para eles. O Governo é responsável pelo que aconteceu e queremos que ele saia", afirmou Manal Sharqawy, um estudante de direito que estava no local para participar do protesto.
A morte brutal do general sunita provocou um terremoto político no Líbano, mas apesar dos pedidos de sua renúncia, o primeiro-ministro Najib Mikati escolheu permanecer em seu posto pelo "interesse nacional" e para evitar o "vácuo político" que poderia mergulhar o país no caos.
A Síria ainda não respondeu formalmente a essas acusações. O líder político libanês aliado ao Hezbollah, Michel Aoun, advertiu aqueles que querem tirar benefício deste assassinato. "Estaremos vigilantes para garantir que não ocorra uma derrapagem na instigação de alguns que querem usar esse crime que custou a vida de libaneses em uma batalha política", disse à imprensa, em clara alusão aos opositores anti-Síria.
A raiva manteve-se elevada neste domingo em áreas de maioria sunita. Em Trípoli (norte), duas pessoas ficaram feridas neste domingo, depois de cinco no sábado. Na sexta-feira, um xeque foi morto no fogo cruzado.
A polícia precisou lançar bombas de gás lacrimogêneo para impedir que alguns manifestantes entrassem na sede do gabinete do primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, que a oposição exige que renuncie.
Após o funeral do chefe da inteligência da polícia libanesa, "jovens se encaminharam para o prédio que está localizado no centro da cidade, mas as forças de ordem impediram que eles entrassem, disparando para o ar e lançando bombas de gás lacrimogêneo", indicou um policial no local à AFP.
Na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, foram exibidos retratos gigantes do general Wissam al-Hassan, chefe da inteligência da polícia libanesa, com as palavras: "o mártir da justiça e da verdade".
"Uma só revolução em dois Estados", proclamava uma bandeira, em referência à Síria e ao Líbano, "Vá embora Najib" Mikati, o atual primeiro-ministro libanês, e "Bashar, fora do Serail", sede do chefe de Governo libanês. Neste gabinete, o partido xiita do Hezbollah, um poderoso aliado de Damasco e Teerã, ocupa uma posição de destaque.
Nesta praça emblemática da capital, os manifestantes agitavam bandeiras libanesas e da revolução síria, bandeiras azuis do Movimento Futuro, do líder da oposição Saad Hariri, e vermelhas do Partido Socialista Progressista, do líder druso Walid Jumblatt, um inimigo virulento do presidente sírio.
A maioria dos manifestantes são sunitas, comunidade à qual pertencia o oficial falecido, cristãos e drusos. Três pessoas, incluindo o general e seu motorista, morreram e 126 outras ficaram feridas em um atentado com um carro-bomba na sexta-feira em Beirute, de acordo com uma avaliação final.
"Queremos continuar o que começamos em 2005. Durante este período, os sírios saíram do Líbano. Agora queremos impedir que eles voltem e queremos expulsar o Irã", encarnado pelo movimento xiita do Hezbollah, disse à AFP Ahmad Fatfat, deputado do bloco do ex-primeiro-ministro Saad Hariri.
Ele acusou o governo atual, e principalmente o Hezbollah, de querer "a volta para o Líbano do (presidente sírio) Bashar al-Assad". Os opositores queriam repetir a enorme manifestação contra Damasco, que se seguiu ao assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, pai de Saad, e levou à retirada das tropas sírias do Líbano, em 2005.
Cerimônia militar
Durante uma cerimônia militar no quartel general da polícia, na presença do primeiro-ministro e da família do falecido, o Chefe de Estado, Michel Suleiman, pediu à Justiça para acelerar o processo de elaboração do ato de acusação contra o ex-deputado Michel Samaha.
Partidário incondicional do regime de Damasco, Samaha foi preso pelo general Hassan que o acusou de transportar explosivos para ataques com o objetivo de criar o caos a mando do chefe da poderosa inteligência síria, o general Ali Mamlouk.
Este oficial da polícia desempenhou um papel importante na investigação de numerosos ataques que tiveram como alvo, entre 2005 e 2008, personalidades libanesas anti-Síria, entre eles o próprio Rafik Hariri.
Mas, acima de tudo, ele desafiou o general Mamlouk, estando na origem de um mandado de prisão expedido contra ele em agosto pela justiça libanesa no quadro da investigação sobre Michel Samaha.
Mikati e Suleiman fizeram a ligação no sábado entre a morte do general e a prisão de Michel Samaha. O atentado teve como alvo "o chefe de um serviço de segurança eficaz que conseguiu desmantelar as redes terroristas (...) e descobriu outras redes ainda mais importantes e isso está relacionado com os explosivos transportados por Samaha da Síria", disse o chefe de Estado.
[SAIBAMAIS]Os caixões do general e de seu motorista estavam cobertos com a bandeira libanesa e foram transportados para a mesquita de al-Amin, onde aconteceu um funeral público. O oficial será enterrado no mausoléu de Rafik Hariri, que foi seu mentor, a pedido de Saad Hariri. O ataque foi atribuído na sexta-feira pela oposição libanesa e especialistas ao regime sírio, que enfrenta há 19 meses uma revolta que tenta esmagar.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou neste domingo que é "provável" o envolvimento de Damasco. "Tudo indica que isto é uma extensão da tragédia síria", disse, acusando o presidente Assad "de tentar ampliar o contágio" do conflito sírio aos países vizinhos.
Terremoto político
"É exatamente como o dia da morte de Rafik Hariri. Os sírios não estão mais aqui, mas há libaneses que trabalham para eles. O Governo é responsável pelo que aconteceu e queremos que ele saia", afirmou Manal Sharqawy, um estudante de direito que estava no local para participar do protesto.
A morte brutal do general sunita provocou um terremoto político no Líbano, mas apesar dos pedidos de sua renúncia, o primeiro-ministro Najib Mikati escolheu permanecer em seu posto pelo "interesse nacional" e para evitar o "vácuo político" que poderia mergulhar o país no caos.
A Síria ainda não respondeu formalmente a essas acusações. O líder político libanês aliado ao Hezbollah, Michel Aoun, advertiu aqueles que querem tirar benefício deste assassinato. "Estaremos vigilantes para garantir que não ocorra uma derrapagem na instigação de alguns que querem usar esse crime que custou a vida de libaneses em uma batalha política", disse à imprensa, em clara alusão aos opositores anti-Síria.
A raiva manteve-se elevada neste domingo em áreas de maioria sunita. Em Trípoli (norte), duas pessoas ficaram feridas neste domingo, depois de cinco no sábado. Na sexta-feira, um xeque foi morto no fogo cruzado.