Agência France-Presse
postado em 21/10/2012 17:49
Ramallah - O Fatah, do presidente palestino, Mahmud Abbas, venceu neste domingo as eleições municipais na Cisjordânia, vitória que o próprio partido chamou de "referendo popular", apesar da participação modesta e do boicote de seu adversário Hamas. As eleições realizadas este sábado eram as primeiras desde as legislativas de 2006, vencidas pelo movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza.As eleições, limitadas à Cisjordânia, aconteceram em apenas 93 dos 353 municípios, principalmente no norte do território, pela falta de concorrência nos demais. De acordo com os resultados preliminares publicados pela Comissão Eleitoral Central (CEC) na noite deste domingo, as listas "Crescimento e independência", apoiadas pelo Fatah obtiveram cerca de 440 dos 1.051 cargos em jogo, sem contar as próximas ao movimento.
Em Hebrón (sul), o Fatah levou 10 das 15 cadeiras. Em Naplusa (norte), contudo, perdeu para uma formação dissidente, que obteve 10 cadeiras, contra cinco dos governistas. Os resultados definitivos são esperados dentro de 48 horas.
[SAIBAMAIS]Apenas poucas horas depois do fechamento dos colégios eleitorais no sábado, o Fatah reivindicou "uma grande vitória na maioria dos municípios, cidades e povoados da Cisjordânia", em um comunicado de um porta-voz do movimento, Ahmad Asaf. "Consideramos a vitória como um amplo referendo popular sobre o programa político do movimento e seus resultados nacionais", enfatizou.
O Fatah atribuiu sua vitória anunciada à composição de listas em função da realidade local. "Em alguns casos, eram 100% Fatah, em outras, fizemos uma formação comum com outros movimentos", disse Asaf. O porta-voz considerou satisfatória a taxa de participação de 54,8%. "Apesar das tentativas do Hamas, a participação foi boa, o que demonstra que os cidadãos rejeitam a política do Hamas", acrescentou o porta-voz do Fatah.
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Abstenção nas cidades - O Centro Carter, que supervisiona todas as eleições palestinas desde 1996, lamentou o "insuficiente pluralismo político e a concorrência limitada", que fez com que as eleições tenham sido realizadas em apenas 93 dos 353 municípios. Contudo, considerou que as eleições foram "um passo positivo, apesar de limitado, para a democratização dos Territórios Palestinos", e pediu ao Fatah e ao Hamas para avançarem em sua reconciliação.
As eleições, além disso, "incluem todos os grandes centros urbanos, que reúnem 52% dos eleitores inscritos na Cisjordânia", observa o Centro Carter. A lista Iniciativa Nacional, do deputado independente Mustafa Barghuthi, lamentou as "infrações sérias em vários colégios eleitorais", citando "o prosseguimento da propaganda eleitoral no dia das eleições, o fato de que alguns auditores tentaram influenciar os eleitores e a ingerência dos organismos oficiais no processo eleitoral".
A abstenção foi especialmente marcada nas grandes cidades, em particular nas duas maiores da Cisjordânia, Hebrón e Naplusa, com respectivamente 33,77% e 39,95% de participação, informou a Comissão Eleitoral Central. No sábado, um porta-voz de Hamas em Gaza, Fawzi Barhum, considerou que "estas eleições reforçam a divisão e não têm nada a ver com o consenso nacional". "Não são eleições do povo palestino, mas sim do Fatah", acrescentou. O presidente da Comissão, Hanna Naser, atribuiu sábado a modesta taxa de participação às dúvidas dos eleitores sobre a relização das eleições, convocadas e postergadas em três ocasiões desde 2010.