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Guiné-Bissau acusa Portugal e CPLP de tramarem golpe de estado

postado em 22/10/2012 21:36
Maputo - O governo da Guiné-Bissau acusou Portugal e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de uma tentativa de golpe durante o último fim de semana. Uma base da força aérea próxima ao aeroporto da capital, Bissau, foi atacada por homens armados antes do amanhecer de domingo (21/10). Os militares reagiram. No tiroteio, uma sentinela do quartel e seis rebeldes morreram.

O governo bissau-guineense declarou que o atentado foi mais uma tentativa de golpe de estado no país, e denunciou que uma conspiração internacional pode estar por trás do ataque. Nações da CPLP estariam aliadas a Carlos Gomes Júnior, o ex-primeiro-ministro deposto no início deste ano, em outro golpe. Exilado na Costa do Marfim, ele estaria tramando a volta ao poder.

Segundo o atual governo de Bissau, a ação para derrubar o governo interino, no poder desde a queda de Gomes Júnior, teria o apoio de Angola, outra ex-colônia portuguesa, e também dos vizinhos Senegal e Gâmbia. Além disso, o governo de Portugal também estaria envolvido na trama. "Neste sentido, e daquilo que tem sido a tônica do discurso da CPLP, de Portugal e de Carlos Gomes Júnior, essa ação insere-se na estratégia de fazê-lo voltar, custem as vidas que custarem", disse Fernando Vaz, ministro das Comunicações da Guiné-Bissau.

O governo do pequeno país africano diz ter informações de que o capitão Pansau N;Tchama, que, em 2009, matou o presidente José Bernardo Vieira, teria recebido, nos últimos tempos, treinamento militar e dinheiro de Portugal para montar um grupo rebelde e restituir o poder a Carlos Gomes Júnior.



O governo português lamentou, em nota oficial, a gravidade da situação política na Guiné-Bissau, e declarou que Portugal não acredita em uma solução militar para a crise, mas nada disse sobre as acusações de participação na suposta tentativa de golpe. A Comunidade dos Países do Oeste da África (Ecowas) anunciou que pretende enviar uma força de paz de 600 soldados para ajudar na estabilização do país.

A CPLP, da qual o Brasil faz parte, também divulgou nota lamentando as mortes na Guiné-Bissau e condenou o uso recorrente da força militar no país. A comunidade que é apontada pelo governo de participar de uma conspiração golpista, pediu que Guiné-Bissau privilegie o diálogo político, para retornar à normalidade constitucional.

A Guiné-Bissau é a mais instável entre as ex-colônias portuguesas na África. Desde a independência, em 1974, nenhum presidente bissau-guineense conseguiu cumprir todo o mandato.

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