Bani Walid - As forças líbias pró-governo, compostas por ex-rebeldes, assumiram o controle de Bani Walid, um dos últimos bastiões do regime deposto de Muammar Kadafi, um ano após o anúncio da "libertação total" do país.
Centenas de rebeldes, a maioria de Misrata, cidade vizinha e rival histórica, reuniram-se no centro da cidade na manhã desta quarta-feira (24/10), atirando para o ar com armas de todos os calibres para celebrar a tomada de Bani Walid, localizada a 185 km ao sudeste de Trípoli.
A bandeira líbia foi hasteada nos edifícios públicos abandonados, enquanto alguns cometiam atos de pilhagem e disparavam contra as construções.
No final do dia, o chefe do Estado Maior do Exército líbio, Yussef al-Manguch, anunciou "o fim das operações militares na cidade", relatando, no entanto, a existência de alguns pequenos bolsões de resistência.
Ele acrescentou, durante uma coletiva de imprensa, que suas forças buscam agora vários elementos que fugiram para o deserto.
De acordo com um jornalista da AFP, caças sobrevoaram os arredores da região.
Manguch afirmou que os ex-rebeldes que participaram das operações fazem parte da brigada "Escudo da Líbia", formada por forças reservistas.
Nas ruas da cidade abandonada por seus habitantes, rebeldes patrulhavam a bordo de veículos cobertos com armas pesadas.
A ameaça de um ataque ronda a cidade há várias semanas, desde a morte de um ex-rebelde de Misrata após seu sequestro em Bani Walid, que exacerbou as tensões entre as duas cidades vizinhas que escolheram lados opostos durante o conflito que derrubou e matou em 2011 o coronel Kadhafi.
As autoridades ordenaram aos ministérios da Defesa e do Interior para tomar as medidas necessárias, incluindo o uso da força, para prender os autores do sequestro e outros foragidos da justiça.
Os combatentes espalharam por Bani Walid retratos gigantes do falecido, Omran Ben Shaaban, 22 anos, bem como os de Ramadan al-Swihli, herói de Misrata durante a resistência contra os colonizadores italianos e que teria sido morto em 1920 em Bani Walid.
Os habitantes de Bani Walid acusam as "milícias ilegais de Misrata" de querer destruir a cidade e caçar sua população e temem um destino semelhante ao da cidade de Touarga, onde os moradores acusados de apoiar o antigo regime foram expulsos de suas casas, que foram destruídas e incendiadas.
A tomada de Bani Walid ocorre um dia depois do primeiro aniversário da proclamação da "libertação" total do país.
Apesar desta proclamação em 23 outubro de 2011, os rebeldes acusam Bani Walid de abrigar criminosos e simpatizantes do antigo regime.
[SAIBAMAIS] O porta-voz do governo de transição, Nasser al-Manaa, indicou nesta quarta-feira (24/10) que 100 pessoas foram presas na cidade por crimes relacionados com o conflito de 2011, incluindo soldados que combateram ao lado das forças de Kadafi.
Ele relatou um saldo de 50 mortos e centenas de feridos entre as forças governamentais.
De acordo com o ministro da Administração Local, Mohamed al-Hrari, mais de 10.000 famílias fugiram dos combates em Bani Walid, principalmente rumo a Tarhouna.