Kiev - A Ucrânia se prepara para eleger seus deputados no domingo após uma campanha marcada pela ausência da opositora Yulia Timoshenko, que está na prisão, e marcada por irregularidades, sob o olhar atento da União Europeia (UE), que teme um retrocesso da democracia na ex-república soviética.
Esta é a primeira grande votação após a chegada à Presidência em 2010 de Viktor Yanukovich e "um teste para os compromissos democráticos da Ucrânia", segundo advertiram a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e o comissário de Ampliação, Stefan Fule.
A UE já adiou sua reunião de cúpula anual com a Ucrânia, prevista inicialmente para o final do ano, à espera dos resultados das eleições antes de tomar uma decisão sobre a crise com Kiev. O caso da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, condenada a sete anos de prisão por abuso de poder há um ano, é um dos principais pontos de discórdia entre Kiev e Bruxelas, que suspeita de perseguição política.
A UE "lamenta" que a chamada dama de ferro da política ucraniana não consiga participar das legislativas, destacaram Ashton e Fule. Nesta quarta-feira (24/10), a filha da ex-mandatária, Evguenia, advertiu que as próximas eleições podem levar à instauração de "uma ditadura" na Ucrânia.
"Se o mundo democrático e as missões de observadores não declararem que, no fim das contas, (as eleições) não são nem livres nem regulares, poderemos ver a legitimação de uma ditadura ucraniana, de uma ditadura de Yanukovich", declarou Evguenia Timoshenko a jornalistas em Genebra. O presidente Yanukovich, que ignora as críticas do Ocidente sobre o caso de Timoshenko, assegura que as eleições serão realizadas sem contratempos: "É importante para nós que as eleições sejam honestas, transparentes e democráticas".
Os eleitores estão céticos: apenas 9% acreditam em eleições honestas, enquanto 47% temem fraudes, segundo uma pesquisa recente. No domingo, dezenas de partidos e cerca de 5.200 candidatos escolherão quem ocupará os 450 assentos do Parlamento unicameral por cinco anos. Metade dos deputados é eleita proporcionalmente entre as listas apresentadas pelos partidos, e a outra metade é escolhida por meio de uma votação majoritária uninominal.
Segundo as pesquisas, cinco partidos devem superar a base de 5% dos votos para entrar na assembleia: o Partido das Regiões, de Yanukovich (23%-33%), o partido opositor do boxeador Vitali Klitschko (16%-17%), a aliança opositora que inclui a formação de Timoshenko (15%-24%), os comunistas (9%-13%), e o partido nacionalista Svoboda (3%-6%). Alguns analistas acreditam que a oposição tem boas possibilidades de formar uma maioria no novo Parlamento, graças aos candidatos que forem votados na eleição majoritária, já que as pesquisas consideram apenas as listas dos partidos.