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Peregrinos muçulmanos rezam por estabilidade em países da Primavera Árabe

Agência France-Presse
postado em 25/10/2012 13:42
Monte Arafat, Arábia Saudita - Cerca de 2,5 milhões de muçulmanos dos cinco continentes se reuniram nesta quinta-feira (25/10) no Monte Arafat, ponto culminante da peregrinação do Hadj, durante o qual os fiéis dos países da Primavera Árabe rezaram por liberdade e estabilidade.

Dentre os peregrinos havia muitos sírios que agitavam uma grande bandeira da rebelião, iniciada há 19 meses contra o regime do presidente Bashar al-Assad. "Deus, provoque o fim de Bashar" al-Assad, implorava em voz alta Ahmad al-Mohamad, um peregrino sírio de 30 anos que chegou à cúpula do Monte da Misericórdia, uma pequena colina que domina a planície, ignorando a sua mãe, que pedia que se calasse. "As tropas do regime matarão toda a nossa família lá" na Síria, dizia.

O governo sírio não enviou peregrinos neste ano, mas as autoridades sauditas deram vistos aos sírios refugiados na Jordânia e no Líbano que queriam fazer a peregrinação. Embora a violência continue na Síria, os outros países da Primavera Árabe - Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen - onde foram derrubados os regimes autoritários, seguem registrando distúrbios.

[SAIBAMAIS]Ruqaya al-Faituri, uma líbia de 58 anos, disse que rezava pela "segurança e estabilidade na Líbia e em todos os outros países árabes e muçulmanos". "A situação na Líbia começa a voltar à normalidade, apesar de algumas dificuldades", indicou esta mulher, que não encontrou palavras para expressar sua alegria de realizar a peregrinação.



Outros peregrinos subiam os escorregadios degraus de pedra que conduziam à cúpula deste monte, alguns orando e outros chorando de emoção. Para May, uma egípcia de 34 anos, a liberdade "é um sentimento novo". "Rezo pela paz no Egito e em todos os países muçulmanos", explicou.

Seguindo os passos do profeta

Muitos fiéis passaram a noite em barracas na árida planície de Arafat, enquanto outros, totalmente vestidos de branco, começaram a chegar a partir da madrugada. "Viemos de Meca. Fizemos a pé o trajeto desde a grande mesquita até o vale de Mina e depois pegamos o ônibus. Quanto maior for nosso cansaço, maior será a recompensa que Deus nos dará", disse um egípcio que estava sentado sobre uma esteira, rodeado por sua família.

O profeta Maomé pronunciou "o discurso do adeus" ao pé deste monte, dois meses antes de sua morte. Até a data não foi apontado nenhum incidente importante nos locais santos do islã. Mais de cem mil membros das forças de ordem foram mobilizados para garantir que esta peregrinação, a maior congregação de seres humanos do mundo, seja realizada em meio à calma.

O governador de Meca, o príncipe Khaled al-Faisal, declarou que mais de 1,75 milhão de peregrinos "de 189 nacionalidades" chegaram do exterior, mas não forneceu o número dos peregrinos provenientes do interior do país, estimado geralmente em 700 mil. Ao anoitecer os peregrinos devem ir a Muzdalifá, onde reunirão pedras para o apedrejamento de Satã, um dos rituais que começam na sexta-feira, no primeiro dia do Eid al-Adha, ou festa do sacrifício. O hadj é um dos cinco pilares do islã que todo fiel deve cumprir ao menos uma vez em sua vida, se tiver os meios econômicos para fazê-lo.

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