Agência France-Presse
postado em 26/10/2012 12:14
Estrasburgo - O Parlamento Europeu concedeu nesta sexta-feira (26/10) o prêmio Sakharov, o Nobel da Paz europeu, ao cineasta iraniano Jafar Panahi e para sua compatriota Nasrin Sotudeh, advogada, ambos condenados a longas penas em seu país, anunciou o presidente Martin Schulz.Os líderes das bancadas do Europarlamento, reunidos nesta sexta-feira em Estrasburgo (leste da França), decidiram por unanimidade conceder o prêmio aos dois iranianos, que competiam com as três integrantes do grupo punk russo Pussy Riot e com o dissidente bielorrusso Ales Beliatski, explicou Schulz. "Queremos manifestar nossa admiração por uma mulher e um homem que resistem à intimidação da qual os iranianos são vítimas", explicou o social-democrata alemão que preside o Parlamento Europeu.
A atribuição deste prêmio, segundo Schulz, "deve ser interpretada como um ;NÃO; muito claro ao regime iraniano", que "não respeita nenhuma das liberdades fundamentais". O Prêmio Sakharov pela liberdade, que será entregue oficialmente no dia 12 de dezembro em uma cerimônia e Estrasburgo, recompensa todos os anos um defensor dos direitos humanos e da democracia. Está dotado com 50.000 euros.
O cineasta Panahi, de 52 anos, conhecido por suas ácidas sátiras sociais, é um dos cineastas da "nova onda" iraniana mais conhecido no exterior, onde recebeu vários prêmios de grandes festivais. No fim de 2010 foi condenado a seis anos de prisão e a 20 anos de proibição de filmar, viajar ou se manifestar, apesar da mobilização internacional a seu favor. Está em liberdade.
Sotudeh, de 49 anos, é uma advogada que foi condenada em janeiro de 2011 a 11 anos de prisão, assim como a 20 anos de proibição de exercer sua profissão de advogada e a abandonar o Irã, por "ações contra a segurança nacional, propaganda contra o regime e pertencimento ao Centro de Defensores dos Direitos Humanos" iraniano, fundado pela prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi. "Convoco as autoridades iranianas a fazerem tudo para que Nasrin Sotudeh e Jafar Panahi possam vir recolher o prêmio", insistiu Schulz.
Schultz pediu às autoridades iranianas que façam todo o possível para facilitar a viagem a Estrasburgo dos dois premiados, visando participar na cerimônia de entrega da distinção em 12 de dezembro. No entanto, um dos premiados se encontra na prisão e o outro em prisão domiciliar. Esta distinção concedida pelos eurodeputados acontece num momento em que a União Europeia acaba de reforçar consideravelmente o arsenal de suas sanções financeiras e comerciais contra o Irã.
Também ocorre às vésperas de uma polêmica visita ao Irã de uma delegação de cinco eurodeputados ecologistas e de esquerda, que, segundo seus promotores, faz parte "do duplo enfoque da União Europeia em relação ao Irã, integrado por sanções e diálogo".