Agência France-Presse
postado em 26/10/2012 12:27
Damasco - Vários incidentes mortais minaram o cessar-fogo em diferentes regiões da Síria, poucas horas depois de sua entrada em vigor nesta sexta-feira (26/10), embora a violência tenha diminuído."A trégua não foi cumprida em várias regiões da Síria, mas apesar disso há menos violência e menos vítimas do que o habitual", declarou Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Depois de uma noite de violência, a manhã foi marcada pela morte de cinco pessoas em Homs (centro) e na região de Damasco. Antes do cessar-fogo, diariamente eram contabilizados mais de 100 mortes, principalmente devido aos ataques da Força Aérea.
Exército e rebeldes prometeram na quinta-feira respeitar a trégua proposta pelo mediador internacional Lakhdar Brahimi, durante os quatro dias do Eid al-Adha, a festa muçulmana do sacrifício, mas cada parte se reservou o direito de resposta. Entre os insurgentes, a Frente al-Nusra, que reivindicou vários ataques na Síria, rejeitou categoricamente o cessar-fogo, e seus combatentes partiram no início da manhã para atacar a base militar de Wadi Deif, na periferia de Maaret al-Nooman (noroeste), de acordo com o OSDH.
O Exército respondeu bombardeando a aldeia vizinha de Deir Charqui, de acordo com o OSDH. A televisão estatal exibiu imagens do presidente Bashar al-Assad chegando sorridente e descontraído em uma mesquita de Damasco para as preces de sexta-feira. Aproveitando a tranquilidade, militantes contrários ao regime protestaram em Damasco e por todo o país. O OSDH registrou protestos em Raqa, onde as forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo, e na província de Deraa (sul), principalmente em Inkhel, onde três pessoas foram feridas por tiros.
[SAIBAMAIS]Segundo militantes, marchas também foram organizadas em Damasco, Aleppo (norte), Deir Ezzor (leste) e na província de Idleb (noroeste), sob os gritos de Assad: "Traidor, covarde, você destruiu a Síria". Contactado por telefone na Turquia, o general Moustapha al-Cheikh, líder do comando militar do Exército Sírio Livre (ESL), principal força de oposição armada, relatou disparos contra manifestantes em várias regiões.
"Impedir as manifestações atirando contra a multidão é uma violação da trégua. Temos mostrado mais moderação do que o regime, porque no momento queremos dar uma chance para a trégua", disse. Pelo menos cinco pessoas morreram na manhã desta sexta-feira, sendo três em Harasta e uma em Erbine, nos subúrbios de Damasco, bem como um em Khaldiyé, bairro rebelde de Homs, segundo o OSDH. Um vídeo postado por ativistas em Homs mostra uma fumaça negra após a queda de cinco morteiros. "Homs está sendo destruída no primeiro dia do Eid", narra um dos militantes.
Além disso, foram registrados confrontos em Assali, bairro do sul de Damasco, e em Sayeda Zeinab, na periferia da capital, e a explosão de um carro-bomba no bairro de Tadamoun, que não causou vítimas. Um morador do campo de refugiados palestino de Yarmouk, no sul de Damasco, afirmou ter ouvido tiros, mas não determinou a origem. Vias que ligam Damasco a seus subúrbios foram cortadas e apenas os militares foram autorizados a passar, indicou um motorista de táxi. Confrontos também foram travados em Tall Kalakh, perto da fronteira com o Líbano.