Santiago - A oposição de centro-esquerda saiu vitoriosa no último domingo (28/10) nas eleições municipais no Chile, a primeira com voto não-obrigatório, ao conquistar cidades importantes que devem abrir caminho para a sua volta ao poder na eleição presidencial de 2013.
A oposição, que reúne socialistas, democrata-cristãos, social-democratas e radicais e, em alguns distritos, também o Partido Comunista, obteve 43,21% dos votos, contra 37,57% do partido de direita no poder, de acordo com o último relatório oficial, que contabilizou 91,69% das urnas.
No total, a oposição elegeu 167 prefeitos contra os 147 da última eleição, enquanto a direita totalizou 120 municípios, depois de perder 24 prefeituras.
"Isto é um grande impulso para a Coligação (de esquerda) e um grande castigo para a Aliança de direita", que reúne o Partido da Renovação Nacional e a ultra-conservadora União Democrática Independente (UDI), disse à AFP o analista da Universidade Diego Portales, Patricio Navia.
"Esta vitória vai abrir caminho para a esquerda nas eleições do ano que vem", acrescentou Navia.
[SAIBAMAIS] A oposição se recuperou da derrota nas eleições locais de 2008, que anteciparam a vitória de Sebastián Piñera, primeiro presidente chileno de direita após o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Na comuna de Santiago, venceu Carolina Toha, ex-ministra do governo da socialista Michelle Bachelet (2006-2010), superando o ultraconservador Pablo Zalaquett.
Em outras disputas emblemáticas, a candidata independente apoiada pela centro-esquerda Josefa Errazuriz venceu no município de Providencia, em Santiago, ficando à frente do ex-coronel do Exército e partidário do ex-ditador Pinochet, Cristián Labbé, que governou a cidade por 16 anos.
O triunfo da Errazuriz, socióloga e que até nove meses atrás era uma completa desconhecida, mostrou o êxito de uma campanha nas redes sociais.
Nas eleições de domingo, os chilenos votaram para eleger seus prefeitos e vereadores nos 345 municípios do país. As urnas foram abertas às 08h locais (9h no horário de Brasília).
No ano passado foi abolida a obrigatoriedade de votar os maiores de 18 anos.
Contudo, com 91,69% das urnas apuradas, a participação dos eleitores girava em torno de 42%, segundo aproximações não-oficiais.
Essas eleições são consideradas um termômetro para a eleição presidencial de 17 de novembro de 2013.
Piñera foi o grande ausente desta campanha eleitoral. Em contraste, a imagem de Bachelet, que agora dirige a ONU Mulher, se destacou com uma intenção de voto de entre 40% e 50%, de acordo com várias pesquisas.
Bachelet, que vive há dois anos em Nova York, não votou e até agora não se sabe se voltará a concorrer à presidência.