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Ataques rebeldes deixam 28 soldados do exército mortos no noroeste da Síria

Agência France-Presse
postado em 01/11/2012 11:47

Damasco - Rebeldes sírios mataram 28 soldados durante conflitos contra as forças do regime no noroeste do país nesta quinta-feira (1;), de acordo com um observador. Em alguns casos, os soldados teriam sido feitos de prisioneiros e depois executados.

Os recentes embates começaram quando o grupo opositor Conselho Nacional Sírio reagiu às advertências dos Estados Unidos sobre um crescente extremismo islâmico entre os insurgentes, afirmando que o Oriente deveria ser culpado pelo aumento do radicalismo.

A China, em meio a um impasse nos esforços internacionais para alcançar a paz, declarou que havia feito "novas e construtivas sugestões" para cessar o banho de sangue durante a conversa com o mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.

Os 28 soldados foram mortos em ataques a três postos na província de Idleb (noroeste), na principal ligação de Damasco à cidade sitiada de Aleppo, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Cinco rebeldes também foram mortos em uma área de conflito perto da cidade de Saraqeb, também no noroeste, que se tornou uma zona chave após a tomada pelos rebeldes da cidade de Maaret al-Nooman, na estrada de Damasco para Aleppo, no início de outubro.

Um vídeo do ataque de quinta-feira publicado no YouTube --a autenticidade não pode ser averiguada-- mostrava rebeldes agredindo em torno de dez soldados, que foram então enfileirados no chão e executados com rifles.

É possível ouvir um insurgente falar a um prisioneiro: "Você sabe que nós pertencemos ao povo deste país?" O soldado responde: "Eu juro pelo nome de Deus que não atirei."

Ainda nesta quinta-feira, helicópteros metralharam um distrito de Damasco e aviões atacaram bastiões rebeldes no subúrbio da capital e em Idlib, informou o Observatório.

Ao menos três bombardeios aéreos foram realizados em Harasta, subúrbio de Damasco, lar de alguns dos principais guerrilheiros do Exército Sírio Livre (ESL), enquanto do outro lado da cidade caças atacaram o bairro de Al-Hajar Al-Aswad.

As forças do presidente Bashar al-Assad lançaram uma nova onda de intensos ataques aéreos nesta semana, que, segundo analistas, são uma resposta às conquistas da oposição com o objetivo de gerar o "terror" nas comunidades locais.

"Eles estão tentando deixar os civis tão irritados e aterrorizados que será impossível para os rebeldes acharem abrigo", considerou Riad Kahwaji, chefe do Instituto para Análise Militar do Oriente Médio e do Golfo de Dubai.

Os COMmbates também atingiram o centro comercial de Aleppo, indicou o Observatório, e algum outro ponto de IdlEb, onde as forças do ESL, apoiadas pela Frente Islâmica Al-Nusra, continuaram o cerco à base militar de Wadi Daif.

O Observatório diz ainda que mais de 36.000 pessoas foram mortas desde o início da revolução contra o regime de Assad, em março de 2011, e que o conflito se tornou então uma guerra civil.

Profundas divergências sobre como lidar com Assad --China e Rússia já vetaram resoluções no Conselho de Segurança da ONU que buscavam pressionar o líder sírio-- dificultam os esforços internacionais para pôr fim ao conflito.

[SAIBAMAIS]Entretanto, a China afirmou nesta quinta-feira que ofereceu "novas e construtivas sugestões" para acabar com o banho de sangue, incluindo um cessar-fogo gradual por regiões e a formação de um governo de transição.

Em uma aparente tentativa de posicionar a China no centro das discussões para resolver a questão, o ministro de Relações Exteriores do país deu detalhes sobre as propostas feitas a Brahimi durante sua visita nesta semana.

"A posição da China em relação à crise síria é coerente. A nova proposta é uma extensão dos esforços para se chegar a uma conclusão política para a questão", indicou o porta-voz do ministério, Hong Lei.

Brahimi, que viajou a Moscou e Pequim nesta semana para tentar reacender os diálogos de paz após uma trégua sem resultado durante o feriado muçulmano de Eid al-Adha, deve apresentar novas propostas de resolução ao Conselho de Segurança da ONU no fim deste mês.

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