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Atentado na Síria atinge o Exército, enquanto oposição tenta se unir

Agência France-Presse
postado em 05/11/2012 14:52
Damasco - Ao menos 50 membros das forças do regime sírio morreram nesta segunda-feira (5/11) em um atentado suicida no centro do país, enquanto a oposição analisa em Doha maneiras de unir suas forças, após 20 meses de conflito e esforços diplomáticos sem resultados.

O atentado foi praticado com um carro-bomba conduzido por um terrorista suicida na província de Hama (centro), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A explosão foi um dos golpes mais duros contra o Exército desde o início de uma revolta popular em março de 2001, que se transformou em conflito armado.

[SAIBAMAIS]O ataque suicida foi praticado por um combatente da Frente Al-Nusra, um grupo islamita radical presente em todo o país, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Um outro atentado deixou onze mortos e dezenas de feridos em uma praça do bairro de Mazzé, que abriga embaixadas e prédios dos serviços de segurança no oeste de Damasco, de acordo com o OSDH.

O registro de vítimas pode aumentar, já que oito pessoas estão em estado crítico, indicou o OSDH, que se baseia em registros de uma rede de ativistas e de médicos atuando na Síria

"A explosão no setor de Mazzé Jabal foi provocada por uma carga depositada por terroristas na praça Arous al-Jabal, que estava cheia", havia informado antes a rede de TV oficial síria. Os meios de comunicação ligados ao governo classificam os grupos armados da oposição como terroristas.

Os rebeldes também sofreram fortes baixas nesta segunda-feira de grande violência, com 122 mortos, incluindo 55 soldados.

Cerca de 20 insurgentes morreram em um ataque da aviação na província de Idleb, no noroeste da Síria, onde muitas casas foram destruídas.

Em Kafr Nabal, 14 civis morreram atingidos por bombas da força aérea, na mesma província.

Em Aleppo (norte), o principal depósito do Crescente Vermelho pegou fogo e estoques inteiros de cobertores, alimentos e produtos de limpeza que seriam utilizados no inverno viraram fumaça.

De acordo com Samir, um farmacêutico de 37 anos morador de Aleppo, os combates atingiram um nível de violência jamais visto.

"Faz quase uma semana que passamos as noites aterrorizados. Ouvimos disparos de armas automáticas, de tanques e explosões", relatou à AFP. "Esta noite, os combates foram os piores", com apenas uma hora ou duas de interrupção.

Além disso, mais de 30 pessoas morreram nas últimas 24 horas no campo palestino de Yarmuk, em Damasco, em confrontos entre o Exército sírio e os rebeldes.

Mais de meio milhão de refugiados palestinos vivem na Síria e, segundo o OSDH, combatentes palestinos participam dos combates, alguns ao lado do regime e outros da rebelião.

CNS se expande para 13 novos grupos

Reunido em Doha para se reestruturar e ampliar suas bases, o Conselho Nacional Sírio (CNS) decidiu integrar 13 novos grupos opositores.

Enquanto isso, continuavam os preparativos para um importante encontro na quinta-feira em Doha entre os principais integrantes da oposição síria com base em uma iniciativa do ex-deputado Riad Seif.

O CNS, até agora considerado a principal coalizão opositora, pretendia ampliar sua representatividade nesta reunião, após as críticas feitas pelos Estados Unidos.

Os participantes aprovaram a reestruturação e a redução dos membros da secretaria-geral, que terá a partir de agora mais 200 membros contra os 313 anteriormente.

A nova secretaria-geral se reunirá na terça-feira.

Esta instância terá que debater a iniciativa do respeitado opositor Riad Seif de unir a oposição síria, que parece contar com o apoio dos Estados Unidos. Muitos membros do CNS já manifestaram suas críticas em relação às proposta de Seif.



Seif pretende criar uma nova direção política para a oposição e suas ideias deverão estar na ordem do dia de uma reunião convocada para quinta-feira pela Liga Árabe e pelo Qatar, em Doha.

Seif propõe criar uma nova instância que reúna os diferentes integrantes da oposição que se chamaria Comitê de Iniciativa Nacional Sírio, para "evitar um vazio de poder político no momento da queda do regime de Assad", segundo o texto de sua iniciativa.

Seu plano pretende "apoiar o Exército Sírio Livre, administrar as áreas libertadas, criar um fundo de apoio ao povo sírio e garantir o reconhecimento internacional".

Também defende a criação de um conselho militar supremo e de um governo interino formado por tecnocratas.

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