Mundo

Promotoria afirma que soldado americano estava lúcido quando cometeu crimes

Agência France-Presse
postado em 05/11/2012 21:58
O soldado acusado da matança de 16 afegãos estava lúcido e admitiu seus crimes, disse nesta segunda-feira (5/11) a promotoria na primeira audiência do suboficial em uma corte pelo que é considerado o pior crime cometido por um militar norte-americano durante a guerra no Afeganistão.

O sargento Robert Bales, de 39 anos, estava tomando Jack Daniels e vendo um filme de ação com seus colegas antes de abandonar a base militar no Afeganistão duas vezes para massacrar as vítimas, entre elas nove crianças, em dois povoados próximos.

Sua esposa e seu advogado garantiram que Bales, um condecorado veterano das guerras do Iraque e Afeganistão, não se lembra do que fez na noite de 11 de março no distrito de Panjwayi, na província de Kandahar (sul).

Contudo, os promotores rejeitaram esta versão na audiência desta segunda-feira, a chamada "Artigo 32" na Base Conjunta Lewis-McChord, no estado de Washington (oeste). As audiências se estenderão até 16 de novembro e nelas será determinado se Bales deverá enfrentar um julgamento militar.

Bales "estava lúcido, coerente, receptivo", disse o promotor Joseph Morse, ao acrescentar que o suboficial tinha admitido os crimes e dizia reiteradamente: "Isso é mal, muito mal".

Após abandonar o dormitório de McLaughlin, Bale entrou no quarto do sargento Clayton Blackshear e começou a falar coisas incoerentes.



Supostamente, Bales disse a seu colega que tinha uma esposa "feia" e uma vida familiar infeliz nos Estados Unidos. Também expressou sua frustração com a explosão de uma mina na semana anterior.
Por volta de meia-noite, Bales abandonou a base, foi até o povoado de Belambayand e entrou em duas casas. Na primeira disparou contra um homem; na segunda, matou três pessoas e feriu outras seis.

Supostamente, Bales voltou para a base em seguida e conversou com outro soldado. Segundo o promotor, disse a um amigo: "Mac, acabo de disparar em umas pessoas", segundo o jornal Los Angeles Times.

Depois foi a outro povoado na direção oposta. "Oviram-no se desculpando muitas vezes, não pelos assassinatos, mas sim por abandonar sua equipe", disse o promotor, segundo o jornal.
A segunda excursão foi mais violenta: segundo a acusação, na primeira casa matou uma pessoa e, na segunda, onze, entre elas mulheres e crianças. Depois juntou os corpos no centro do quarto e ateou fogo, segundo a promotoria.

No procedimento, está previsto que testemunhas e familiares das vítimas testemunhem por videoconferência do Afeganistão, onde ocorreu o massacre, segundo declarações do advogado de Bales, John Browne.

Bales enfrenta 16 acusações de assassinato, seis de tentativa de assassinato, sete de agressão, duas por uso de narcóticos e uma por tomar álcool.

Na véspera da audiência, a esposa de Bales, Kari, insistiu que acreditava em sua inocência. "Meu marido não fez isso. Não fez", declarou à ABC News.

O massacre comprometeu ainda mais as relações entre Washington e Cabul.

As autoridades afegãs queriam que o culpado pela matança fosse julgado publicamente no Afeganistão, mas Washington transferiu Bales primeiro a uma base norte-americana no Kuwait e depois aos Estados Unidos, causando a ira do presidente afegão, Hamid Karzai.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação