Agência France-Presse
postado em 08/11/2012 07:45
Pequim - O presidente chinês, Hu Jintao, advertiu nesta quinta-feira (8/11) que a corrupção endêmica que afeta a sociedade chinesa pode ser fatal e fez um apelo por mais democracia, no discurso de abertura do XVIII congresso do Partido Comunista da China (PCC). Hu Jintao, 69 anos, que deve ceder o posto de secretário-geral do PCC a Xi Jinping, 59 anos, também defendeu que a China vire "uma potência marítima".Em um discurso de 90 minutos para mais de 2.000 delegados do PCC, reunidos em Pequim no solene Palácio do Povo, Hu Jintao ressaltou a importância das reformas políticas, um aspecto no qual o balanço de seu governo é considerado frágil. "A reforma da estrutura política é uma parte importante das reformas globais da China. Devemos continuar nossos esforços, ativa e prudentemente, para prosseguir na reforma da estrutura política e ampliar a democracia popular", declarou. "Devemos dar mais importância a melhorar o sistema democrático com o objetivo de garantir que o povo possa ter eleições e decisões democráticas", completou.
Hu Jintao pediu ainda que a China seja transformada em "potência marítima", no momento em que o país e o Japão disputam a soberania de um arquipélago no mar da China oriental. Pequim, que inaugurou o primeiro porta-aviões em setembro, deve "defender resolutamente seus direitos e interesses marítimos", destacou o presidente chinês, que ao fim do congresso deve ser substituído por Xi Jinping.
Após citar os "problemas" que podem afetar a sobrevivência do país, Hu disse que a China deve construir "uma forte defesa nacional e poderosas forças armadas que correspondam ao grau internacional da China". Também disse que Pequim deve avançar na preparação militar em geral e na área tecnológica das forças armadas em particular. De acordo com ele, a tarefa mais importante da China é ser capaz de "ganhar uma guerra local na era da informação". Hu Jintao advertiu que "a corrupção pode provocar a derrubada do Partido e do Estado". "Se fracassarmos no tratamento correto deste assunto, isto pode ser fatal", disse.
A China se viu sacudida este ano por vários escândalos político-financeiros que envolveram as famílias de altos dirigentes, incluindo um membro do bureau político, Bo Xilai, que foi expulso do partido e aguarda julgamento. Informações da imprensa revelaram as colossais fortunas das famílias de algumas autoridades, incluindo as do primeiro-ministro Wen Jiabao e a do futuro número um do país Xi Jinping.
O Partido Comunista deve garantir que nenhum dirigente chinês abuse de seu poder, completou o atual presidente. "O Partido vai garantir que os dirigentes respeitem a lei em atos e pensamentos", prometeu Hu. "Devemos garantir que todos são iguais perante a lei; nenhuma organização, nenhum indivíduo tem o privilégio de pisotear a Constituição", completou.