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Washington amanheceu chocada por renúncia de chefe da CIA por adultério

Agência France-Presse
postado em 10/11/2012 13:04
Washington - A capital dos Estados Unidos, Washington, amanheceu chocada neste sábado após a demissão do chefe da CIA, David Petraeus, na sexta-feira, decorrente de um caso extraconjugal que colocou fim à brilhante carreira do heroi da guerra do Iraque, três dias depois da reeleição de Barack Obama à presidência.

Obama aceitou a demissão ontem durante uma conversa telefônica, poucos dias antes da audiência prevista de Petraeus na próxima semana no Congresso sobre a suposta falha da CIA em proteger o consulado norte-americano em Benghazi, Líbia. "Ontem à tarde, eu fui à Casa Branca e pedi ao presidente que aceitasse minha renúncia do cargo de diretor da CIA por razões pessoais (...) Esta tarde, o presidente aceitou", afirmou Petraeus. "Depois de mais de 37 anos de casamento, demonstrei uma enorme falta de juízo ao me envolver em uma relação extraconjugal", indicou em sua mensagem.

General popular, considerado o artífice da estratégia que permitiu aos Estados Unidos saírem do atoleiro iraquiano de cabeça erguida, David Petraeus havia deixado o Exército para assumir a CIA. O presidente Barack Obama disse que "David Petraeus fez um extraordinário trabalho para os Estados Unidos durante décadas". Por sua vez, o diretor de Inteligência norte-americano, James Clapper, lamentou a "perda de um de seus servidores públicos mais respeitados".

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O presidente não suspeitava que seu chefe de inteligência estava a ponto de renunciar até que se reuniu com Petraeus na quinta-feira. Em um primeiro momento, o presidente se recusou a aceitar sua demissão dizendo-lhe que iria considerar até sexta-feira, segundo o The New York Times. Contudo, de acordo com o jornal, Obama teria chegado à conclusão de que não poderia forçar Petraeus a ficar. Com 60 anos, o general que se retirou do exército para tomar as rédeas da agência ficou um ano no cargo de diretor.

A renúncia chega quando Petraeus deveria enfrentar um duro interrogatório a portas fechadas no Congresso na próxima semana sobre sua resposta ao ataque de 11 de setembro a um consulado dos Estados Unidos em Benghazi, no qual morreram o embaixador norte-americano na Líbia e outros três norte-americanos. Será Michael Morell, número dois da agência de inteligência, que irá ocupar o cargo de diretor de forma interina.

Nem Petraeus, nem a CIA explicaram com precisão porque ele considerou que tinha que se demitir por causa desta relação extraconjugal. Há dúvida quanto a possibilidade de tratar-se de uma questão puramente pessoal ou um assunto de segurança que poderia afetar seu trabalho na CIA.

A identidade da pessoa com quem Petraeus manteve relacionamento não foi revelada. Contudo, segundo a rede de televisão NBC e outros meios norte-americanos, o FBI estava investigando a sua biógrafa Paula Broadwell, supostamente por ter tentado acessar a seus correios eletrônicos, com informações secretas, quando ele estava no comando da coalizão internacional no Afeganistão. Consultados pela AFP, o FBI e o Departamento de Justiça, do qual depende a CIA, não estiveram disponíveis para fazer comentários.

Com relação ao próximo diretor permanente, especula-se que o cargo irá para John Brennan, o assessor da Casa Branca contra o terrorismo e um veterano da CIA que teve um importante papel na guerra com aviões não tripulados (drones) que Obama dirige contra os militantes de Al-Qaeda.

"Trata-se de um homem com experiência que conta com a confiança do presidente e cujo nome surgiu no ano passado para ocupar o cargo", disse em uma entrevista à AFP Bruce Riedel, ex-chefe da CIA, e atualmente analista do Brookings Institute.

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