Doha - A oposição síria conseguiu se unificar sob a liderança do xeque Ahmed Moaz Al-Jatib, um religioso moderado, que terá o apoio na nova direção de dois vice-presidentes, Riad Seif, um ex-deputado, e Suhair Atassi, ativa militante da coordenação da revolta.
Xeque Ahmed Moaz Al Jatib, o homem do consenso
Ahmed Moaz Al Jatib, nascido em 1960, é um religioso moderado que foi por certo tempo imã da mesquita dos Omíadas de Damasco e não pertence a nenhum partido político. Sua independência e proximidade com Riad Seif, principal incentivador da ampliação e unificação da oposição, fizeram de Al Khatib um candidato de consenso para ocupar a liderança.
Este dignitário religioso do islã sufista, que estudou relações internacionais e diplomacia, não está ligado à Irmandade Muçulmana ou a qualquer força de oposição islâmica. Preso várias vezes em 2012 por ter expressado publicamente o desejo pela queda do regime de Damasco, foi proibido de falar nas mesquitas por ordem das autoridades sírias e precisou se refugiar no Qatar.
Nativo de Damasco, foi fundamental na mobilização dos subúrbios da capital, especialmente Duma, muito ativa desde o início das manifestações pacíficas em março de 2011. "O xeque Al Khatib é uma figura de consenso que tem o verdadeiro apoio popular no terreno", ressaltou Khaled Al Zeini, membro do Conselho Nacional Sírio (CNS).
Riad Seif, símbolo da Primavera de Damasco de 2001
Riad Seif, de 66 anos, autodidata e próspero industrial, acreditou por muito tempo que podia mudar o regime sírio por dentro. Duas vezes eleito para o Parlamento como independente, em 1994 e 1998, foi preso em setembro de 2001 e condenado a cinco anos de prisão sob a acusação de querer "mudar a Constituição ilegalmente".
[SAIBAMAIS]Sua prisão, juntamente com a de nove outros opositores, marcou o fim da Primavera de Damasco, período de relativa liberdade após a ascensão ao poder de Bashar al-Assad, depois da morte de seu pai, Hafez, em junho de 2000. Faz parte dos 12 opositores que assinaram a "Declaração de Damasco", que apela para uma mudança democrática na Síria.
Por seus ataques contra o regime e sua luta contra a corrupção, foi pressionado assim como seus colegas. Além disso, de acordo com Seif, foi arruinado por uma tributação injusta. A partir de janeiro de 2008 cumpriu uma pena de dois anos e meio de prisão por exigir democracia para o seu país. Em maio de 2011, após o início da contestação, Seif foi preso por participar de uma manifestação proibida, sendo liberado uma semana mais tarde, devido à sua saúde.
Suheir al Atassi, uma das militantes da coordenação
Suheir al Atassi, 41 anos, é uma das fundadoras da rede de militante da Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS), que registra as ofensivas do Exército sírio e as vítimas da violência para alertar os meios de comunicação sobre o que está acontecendo na Síria.
Al Atassi propõe que a voz dos militantes no terreno seja ouvida no exterior. Essa mulher elegante, membro de uma família de opositores sunistas de Homs, a "capital da revolução" no centro da Síria, participou no que tem sido chamado de "Primavera de Damasco".
Suhair Atassi Al organizou um famoso centro de discussão em Damasco, onde todos os lados poderia discutir a democracia. Ameaçada de morte, esta mulher de personalidade forte, muita ativa no interior da Síria, onde passou sete meses na clandestinidade, viajou para a França no final de 2011 para recuperar a liberdade de movimento.