Agência France-Presse
postado em 12/11/2012 18:34
Os Estados Unidos se converterão no maior produtor mundial de petróleo até 2020 e poderão obter sua independência energética e a autosuficiência neste setor até 2030, segundo o prognóstico da Agência Internacional da Energia (AIE), divulgado na última edição do World Energy Outlook, seu principal estudo anual.Tal fenômeno, dizem os especialistas, marcará uma profunda mudança no cenário do setor energético mundial e será possível graças à emergência dos hidrocarbonetos não-convencionais, prevê a Agência Internacional da Energia (AIE).
Segundo o economista-chefe da agência, Fatih Birol, os Estados Unidos devem ultrapassar já em 2017 a Arábia Saudita e se tornar o maior produtor de petróleo do mundo.
Desde a segunda metade do século XIX até meados do século XX, os Estados Unidos foram o maior produtor de petróleo do mundo, o que alimentou seu desenvolvimento industrial, econômico e estratégico e ajudou o país a se tornar a maior potência mundial.
"Os Estados Unidos se converterão em 2015 no maior produtor de gás mundial, ultrapassando a Rússia", completou Birol durante uma coletiva de imprensa em Londres.
A AIE baseia suas projeções na evolução da produção de hidrocarbonetos não-convencionais, no gás e no petróleo de esquisto, assim como nos reservatórios de "tight oil" (petróleo de formações compactas), que durante muito tempo tornaram a extração difícil e considerada muito custosa.
"O recente aumento da produção norte-americana de petróleo e gás, impulsionado por avanços tecnológicos que permitem extrair estes recursos não-convencionais, como o fraturamento hidráulico, transforma a um ritmo sustentável o papel da América do Norte no tabuleiro energético mundial", explicou a agência.
Desde que começou o ano, os Estados Unidos extraíram cerca de 6,2 milhões de barris de petróleo por dia, contra 5 milhões em 2008, o que representa um salto de 24%, segundo as estatísticas do Departamento de Energia norte-americano.
A AIE antecipa que este salto na produção norte-americana, combinado com as medidas que indicam a redução do consumo dos veículos, farão recuar progressivamente as importações de petróleo do país, até que os Estados Unidos se convertam em exportador, o que deve acontecer até 2030, segundo a agência.
"Os Estados Unidos importam atualmente cerca de 20% de suas necessidades energéticas e será praticamente autossuficiente em términos líquidos, contrariando a tendência dos países importadores", diz o organismo.
Esse tema foi evocado na recente campanha presidencial. O republicano Mitt Romney, que perdeu na semana passada para Barack Obama, prometeu a independência energética para 2020, apostando nas energias fósseis (petróleo, gás, carvão), enquanto que seu vitorioso rival preferiu focar nas energias renováveis (solar, eólica) e na economia de energia.