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Comandante da Otan no Afeganistão teria participado no escândalo Petraeus

Agência France-Presse
postado em 13/11/2012 17:25
Washington - Novos detalhes aparecem no escândalo que motivou a renúncia do diretor da CIA, David Petraeus, após o início da investigação contra o chefe das forças da Otan no Afeganistão, John Allen, por este ter enviado mensagens impróprias à mulher que levou o caso à tona com suas denúncias. O escândalo resultantes destas denúncias teria surpreendido o presidente Barack Obama, de acordo com seu porta-voz.

Segundo um funcionário do Departamento de Defesa, o general John Allen se tornou alvo de uma investigação depois que o FBI descobriu entre 20.000 e 30.000 páginas de correspondências, em sua maioria e-mails, entre ele e Jill Kelley, figura-chave no escândalo que custou o cargo de Petraeus, renomado general e chefe dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

O funcionário, no entanto, destacou que correspondência entre Allen e a mulher em questão pode ser "imprópria", mas não necessariamente envolve uma relação entre as duas pessoas. Petraeus renunciou abruptamente na semana passada, admitindo uma relação extraconjugal com sua biógrafa Paula Broadwell.



[SAIBAMAIS]A fonte disse aos jornalistas que viajam à Austrália com o secretário de Defesa, Leon Panetta, que existe uma "clara possibilidade" de que os e-mails de Allen estejam vinculados ao caso Petraeus. "As alegações envolvem comunicações impróprias" entre Allen e Kelley, disse a fonte.

Panetta destacou em um comunicado que seu Departamento havia sido informado no domingo pelo FBI sobre o tema, e que o repassou ao Inspetor Geral (IG) do Pentágono para que abrisse uma investigação. Nesta terça-feira (13/11), o presidente americano, Barack Obama, suspendeu a designação do general John Allen como chefe-supremo da Otan, disse um porta-voz da Casa Branca.

"A pedido do secretário de Defesa, o presidente suspendeu a designação do general Allen (...) à espera da investigação sobre sua conduta pelo IG do Departamento de Defesa", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Tommy Vietor.

Allen permanecerá em Cabul como comandante das forças da Otan enquanto a investigação for realizada, anunciou Panetta, que elogiou seu trabalho neste país e disse que sua liderança havia sido "instrumental" para assegurar o avanço da guerra contra os talibãs.

No entanto, Panetta indicou que pediu à comissão das Forças Armadas do Senado para apurar a designação do sucessor de Allen no Afeganistão, o general Joseph Dunford. Não está claro sobre quais acusações Allen enfrenta. "É muito cedo para especular sobre o que o IG encontrará", disse a fonte. "Há preocupação suficiente, razão pela qual acreditamos que era uma medida prudente (...) iniciar uma investigação e notificar o Congresso", acrescentou.

"Devemos ver para onde nos levam os fatos neste assunto antes de tirar conclusões de qualquer tipo", disse a fonte. Allen "nega ter realizado algo de ruim neste assunto", acrescentou. Obama, por sua vez, teria ficado surpreso quando soube que Petraeus manteve um caso extraconjugal.

"O presidente ficou obviamente surpreso quando foi informado da situação de Petraeus. Ele é muito grato ao general Petraeus por seu serviço", afirmou o porta-voz do presidente, Jay Carney.

A nova informação constitui um elemento a mais no escândalo que explodiu após a reeleição de Obama e em meio às investigações pelo desempenho da CIA depois do ataque contra o consulado americano em Benghazi (leste da Líbia), no dia 11 de setembro, no qual morreram o embaixador e outros três funcionários.

Kelley, uma mulher de 37 anos de Tampa, Flórida (sudeste), havia denunciado ao FBI uma série de e-mails ameaçadores que recebeu neste ano e que, conforme se esclareceu depois, eram provenientes de Broadwell. O FBI posteriormente encontrou mensagens entre Broadwell e Petraeus que revelavam sua relação.

Steve Boylan, amigo próximo e ex-porta-voz de Petraeus, afirmou na segunda-feira à AFP que o general lamentava profundamente sua relação extraconjugal, que começou dois meses depois de assumir a chefia da CIA, em setembro de 2011. O romance terminou há quatro meses, disse.

Agentes do FBI revistaram na noite de segunda-feira a casa de Broadwell, em Charlotte (Carolina do Norte, sudeste), de acordo com o canal de televisão WFMY, filial da rede CBS. Agentes carregaram caixas e fizeram fotografias do interior da casa da biógrafa e suposta amante de Petraeus, informou o canal.

Uma jornalista da rede de televisão local WMCM informou pelo Twitter que agentes do FBI começaram a revistar a casa de Broadwell às 20h40 locais (23h40 de Brasília) e que levaram pelo menos duas horas para inspecionar o local. Broadwell, que escreveu uma biografia autorizada do general de quatro estrelas da reserva, não foi vista desde a renúncia de Petraeus e a explosão do escândalo.

Um vizinho de Broadwell, Ed William, afirmou à WCNC que ela, seu marido Scott e seus dois filhos encontram-se em um local desconhecido, mas estão bem. O escândalo colocou em alerta a classe política americana, que teme que a segurança nacional do país esteja em perigo pela possibilidade de Broadwell ter acesso a informações confidenciais.

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