Agência France-Presse
postado em 14/11/2012 07:05
Washington - O secretário de Defesa do Estados Unidos, Leon Panetta, expressou seu apoio ao general Allen, comandante das forças americanas no Afeganistão envolvido no escândalo Petraeus."O general Allen fez um excelente trabalho à frente das forças da Otan no Afeganistão", disse Panetta à imprensa em Perth (Austrália), antes de garantir ter total confiança no general como comandante das forças americanas. O general Allen foi colocado sob investigação na terça-feira por decisão do presidente Barack Obama após agentes do FBI terem descoberto que ele havia enviado mensagens por correio eletrônico a Jill Kelley, a mulher que deu início ao escândalo Petraeus com suas denúncias, mas as informações enviadas não foram consideradas sensíveis.
"Posso dizer que o presidente tem elevado conceito sobre o general Allen e os serviços que prestou ao país, assim como do trabalho que realizou no Afeganistão", assegurou Jay Carney, porta-voz da presidência. Uma fonte do Pentágono disse na terça-feira a jornalistas que o FBI descobriu entre 20.000 e 30.000 páginas de correspondência entre Allen e Kelley, uma amiga da família de Petraeus, que foi considerada vítima de perseguição por parte de Paula Broadwell, com quem David Petraeus manteve relações extraconjuguais.
Petraeus renunciou abruptamente na sexta-feira passada do cargo de diretor da CIA após admitir vínculo com Broadwell, que era sua biógrafa. Um funcionário que viajava com Panetta à Austrália disse que "o volume de documentos poder ser confuso", e que pode constituir violação do código militar e de conduta inconveniente para um oficial.
[SAIBAMAIS]Panetta destacou em um comunicado que seu Departamento foi informado sobre o assunto no domingo pelo FBI e que remeteu as informações ao Inspetor Geral (IG) do Pentágono para que ele abrisse inquérito. Contudo, o fato da investigação ter sido encarregada à Inspeção Geral do Pentágono e não ao FBI parece descartar que Allen tenha divulgado informações consideradas secretas.
Outro funcionário próximo a Allen, entrevistado pelo jornal Washington Post, descartou qualquer relação entre o general e Kelley, afirmando ainda que eles nunca estiveram juntos sozinhos e que a relação dos dois não passou da troca de mensagens eletrônicas. Na terça-feira, Obama suspendeu Allen do cargo de comandate supremo da Otan até o fim da investigação do IG. O general permanecerá em Cabul à espera do veredito.
O general Joseph Dunford foi escolhido para suceder Allen no comando das forças no Afeganistão. O momento em que surge o escândalo é delicado, já que em poucos dias o general Allen deve anunciar sua recomendação sobre o número de soldados americanos que deverão permanecer no Afeganistão após a retirada da maior parte das tropas, ao fim de 2014.
O caso Petraeus também causou consequências políticas nas audiências previstas no Congresso sobre o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, no dia 11 de setembro. Legisladores democratas e republicanos manifestaram interesse no testemunho do ex-diretor da CIA sobre o acontecido no dia em que morreram quatro americanos, incluindo o embaixador no país. "Acredito que ele o fará. Acredito que ele é uma pessoa responsável e que virá", disse à CNN a democrata Diane Feinstein, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, referindo-se a Petraeus.