Agência France-Presse
postado em 15/11/2012 11:30
Pequim - Xi Jinping irá governar a China até 2022, mas continua sendo um enigma a personalidade deste integrante do partido que foi subindo à sombra de seu antecessor, Hu Jintao, e que será o primeiro dirigente nascido depois da fundação do regime comunista fundado por Mao Tsé-Tung, em 1949.Xi Jinping é filho de um "herói revolucionário" e, portanto, um dos "príncipes vermelhos", a aristocracia que governa a China, um país convertido na segunda potência mundial. Robusto e de rosto redondo, com o cabelo preto dividido de forma impecável, Xi Jinping foi consagrado nesta quinta-feira, um dia após o término do 18; congresso do Partido Comunista chinês (PCC).
Xi, de 59 anos, deve permanecer por dez anos como secretário-geral do PCC, como ocorreu com Hu Jintao, a quem também sucederá no cargo de presidente da República Popular da China, em março.
Dez anos também é a diferença de idade entre os dois líderes: muito pouco para representar uma geração, mas talvez o suficiente para falar de um "sangue novo", capaz de enfrentar os desafios de uma China em plena mutação.
No exterior, os novos líderes chineses são vistos como supostos reformadores quando assumem a função. Foi o caso de Hu Jintao, que presidiu um formidável auge econômico, mas também um pesado imobilismo político. Este também pode ser o caso de Xi.
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[SAIBAMAIS]O primeiro é conhecido por seu ar austero, pela rigidez de seus gestos, quase "robóticos", segundo alguns. Xi Jinping seria mais afável, seria até jovial e é visto de forma mais relaxada na televisão. Para além da fachada, no entanto, o homem continua sendo basicamente um enigma.
Alguns especialistas o consideram um conservador sem carisma que não mudará o rumo atual. Outros, mais numerosos, admitem que não dispõem de muitos indícios de como vai governar.
Sua esposa, Peng Liyuan, uma famosa cantora que tem a patente de general do exército, é mais popular que ele na China, e o casal tem uma filha que estuda nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard, sob um nome falso.
O segredo que envolve sua família, assim como a de todos os líderes chineses, foi atingido em junho por uma investigação da agência Bloomberg, que revelou que os parentes de Xi tinham uma fortuna acumulada de centenas de milhares de dólares. Uma investigação que foi censurada imediatamente na China.
Em 2009 surpreendeu a todos, durante uma viagem ao México, ao se referir de forma mordaz "aos estrangeiros que, com o estômago cheio, não têm nada melhor a fazer do que apontar (a China) com o dedo".
Segundo um telegrama revelado pelo WikiLeaks, Xi disse a diplomatas americanos que gostava dos filmes de guerra de Hollywood. "O resgate do soldado Ryan", de Steven Spielberg, seria seu favorito.
Seu pai, Xi Zhongxun, foi um dos fundadores das guerrilhas comunistas no norte da China. Vítima, como tantos outros, da Revolução Cultural de Mao (1966-1976), foi reabilitado nos anos 80 com o retorno ao poder de Deng Xiaoping.
Como milhões de estudantes, incluindo os ex-"guardas vermelhos" da Revolução Cultural, Xi Jinping foi enviado aos 15 anos ao campo, a Shaanxi (norte), para ser reeducado pelos camponeses. Ali foi admitido nas fileiras do Partido, em 1974.
Continuaria sendo "camponês" até 1975, ano em que foi admitido na prestigiada Universidade de Tsinghya, em Pequim, onde Hu também estudou, e onde se formou em engenharia química.
O que se seguiu foi a carreira clássica de um membro comunista, que, sem chamar a atenção e evitando os perigos, se valeu de alianças diversas para alcançar funções cada vez mais importantes: governador de Fujian em 2000, chefe do Partido em Zhejiang em 2002, duas províncias costeiras que estão entre as mais destacadas do "milagre econômico" chinês.
Em 2007 foi chamado por Hu Jintao para colocar ordem na cidade de Xangai, onde o líder do Partido, Chen Liangyu, a quem substituiu, foi varrido por um grande escândalo de corrupção.
Em outubro de 2007, durante o 17; Congresso do PCC, entrou no Comitê Permanente do Birô Político, no "centro de poder", depois que Hu Jintao e seu antecessor, Jiang Zemin, entraram em acordo a respeito.
Depois de ser o sexto dos nove membros do Comitê Permanente, em março de 2008 foi promovido a vice-presidente do Estado chinês, e, em outubro de 2010, a vice-presidente da poderosa Comissão Militar do PCC, uma promoção que o confirmou como herdeiro de Hu Jintao.
Em setembro passado, ele mesmo aumentou o mistério ao desaparecer sem explicações durante doze dias, o que provocou uma onda de especulações sobre sua saúde.