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Oposição síria terá embaixador em Paris

Agência France-Presse
postado em 17/11/2012 20:41

Paris - O presidente francês, François Hollande, anunciou neste sábado (17/11) que a França vai receber em Paris um "embaixador" da nova coalizão opositora síria, que afirmou, por sua vez, que pretende formar um "governo de tecnocratas" rapidamente, incluindo "todos os componentes" da Síria.

No campo de batalha, caças-bombardeiros do Exército sírio efetuaram novamente ataques aéreos contra as províncias de Idleb (noroeste), de Aleppo (norte) e de Damasco, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

No leste, após uma batalha de várias semanas, os rebeldes assumiram o controle do aeroporto Hamdane, em Boukamal, próximo à fronteira iraquiana, acrescentou o OSDH. Este aeroporto civil tinha se tornado uma base para os helicópteros do Exército.


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Recebido em Paris com honras, Ahmed Moaz al-Khatib, novo chefe da coalizão opositora síria criada há uma semana, se comprometeu durante uma reunião de mais de uma hora a fazer com que um futuro governo inclua "todos os componentes da Síria", principalmente "cristãos e alauitas", segundo François Hollande.

A formação de um governo de transição não representa um obstáculo, afirmou à imprensa Ahmed Moaz al-Khatib. "Não há problema algum. A coalizão existe e vamos lançar um apelo por candidaturas para formar um governo de tecnocratas que trabalhará até a queda do regime".

"Estamos preocupados com o povo sírio em todos os seus componentes, em toda a sua diversidade", depois de "50 anos" de um regime "que tem atuado para colocar os sírios uns contra os outros", acrescentou o líder da oposição.

"Embaixador" alauita

Depois de ter sido o primeiro país ocidental a reconhecer a coalizão como "única" representante do povo sírio, a França vai receber em Paris um "embaixador" da coalizão, anunciou François Hollande.

O diplomata Monzir Makhous, membro da delegação síria que visitou o Eliseu, é "uma das primeiras personalidades a ter falado de liberdade na Síria", ressaltou Ahmed Moaz al-Khatib. "No início, ele pertencia à comunidade alauita, mas, acima de tudo, é um homem livre que sempre trabalhou pelo povo sírio. É alguém extremamente competente, que tem quatro doutorados", acrescentou.

Até o momento, a coalizão síria é reconhecida como única representante legítima do povo sírio apenas pela França, pelas monarquias do Golfo e pela Turquia.

Em relação às reticências dos aliados ocidentais de Paris em seguir a postura francesa, François Hollande afirmou que "o trabalho de convencimento dos países europeus e da União Europeia" vai continuar. "Vários países vão assumir a mesma posição da França", previu.

Ahmed Moaz al-Khatib saudou "a posição extremamente corajosa" de Paris, que "abriu a porta para que a comunidade internacional apoie ainda mais o povo sírio".

O Reino Unido indicou na sexta-feira que pode se pronunciar "nos próximos dias" sobre o reconhecimento da coalizão.

Negociações europeias sobre armas

Uma reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia está prevista para segunda-feira em Bruxelas. A questão do embargo europeu sobre as armas, que proíbe o envio se armamentos à oposição, deve e será abordada por iniciativa de Paris, que deseja uma exceção para um armamento "defensivo" destinado às zonas liberadas pela oposição.

"Não quero esconder a importância desta questão, tanto a necessidade de os sírios possuírem os meios militares, como também o controle que a comunidade internacional deve assegurar", declarou François Hollande. "Essa discussão será realizada na União Europeia", indicou.

Uma ajuda militar "pode ser feita somente no âmbito da comunidade internacional para a proteção das populações civis". "Portanto, não haverá um governo alternativo que possa delimitar sozinho essas zonas. Ele pedirá esse apoio e essa proteção", disse.

No total, pelo menos 66 pessoas, incluindo 41 civis, morreram neste sábado na Síria, de acordo com um registro provisório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que registrou mais de 39.000 mortes desde o início do conflito, há 20 meses.

O OSDH, com sede no Reino Unido, se baseia em uma rede de militantes e de fontes médicas nos hospitais civis e militares da Síria.

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