Agência France-Presse
postado em 19/11/2012 06:43
Yangun - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reuniu nesta segunda-feira (19/11) em Mianmar com a líder opositora Aung San Suu Kyi durante uma visita histórica a Yangun destinada a estimular as reformas políticas no país. Obama se encontrou com Suu Kyi, que assim como o presidente americano também recebeu o Prêmio Nobel da Paz, na casa à beira de uma lago na qual a ativista passou muitos anos em prisão domiciliar, uma sentença ordenada pelos generais que governaram o país durante décadas.
Os vencedores do Nobel da Paz (1991 e 2009) já haviam se reunido em setembro, na Casa Branca. Desta vez, o encontro aconteceu na casa da família de Suu Kyi. A líder opositora agradeceu ao presidente americano o "abnegado apoio" dos Estados Unidos ao movimento democrático em Mianmar. Durante o encontro, Aung San Suu Kyi manifestou prudência sobre as rápidas reformas políticas em Mianmar. "O momento mais difícil em qualquer transição é quando pensamos que o êxito está próximo", afirmou.
"Devemos ter muito cuidado para não ser enganados pela miragem do êxito", completou. Obama afirmou que o objetivo de sua viagem é "apoiar o estímulo da democratização". "Isto inclui criar instituições governamentais confiáveis, estabelecer o império da lei, acabar com os conflitos étnicos e assegurar que o povo deste país tenha acesso a uma educação melhor, assim como a atendimento médico e oportunidades econômicas".
[SAIBAMAIS]A secretária de Estado americana Hillary Clinton, também participou no encontro e deu um abraço caloroso em Suu Kyi. Pelo menos 44 presos políticos foram libertados nesta segunda-feira em Mianmar, segundo o ativista Soe Tun, da organização opositora Geração 88. Mas segundo Nine Nine, da Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, 56 presos políticos foram libertados no domingo e nesta segunda-feira, incluindo quatro membros do partido.
Mais cedo, o presidente americano teve uma reunião com o colega birmanês, o ex-general Thein Sein, que comanda as reformas políticas no país há 18 meses. O encontro aconteceu no Parlamento regional de Yangun, antiga capital do país. Obama foi recebido por milhares de pessoas no caminho até o prédio oficial. Mais tarde, em um discurso na Universidade de Yangun, Obama pediu o fim da violência étnica no oeste de Mianmar.
"Durante muito tempo, o povo deste país, incluindo a etnia rakhine, foi vítima de uma pobreza esmagadora e da perseguição. Mas não há desculpa para a violência contra os inocentes", disse. A violência entre budistas da etnia rakhine e muçulmanos rohingya, em junho e outubro, deixou pelo menos 180 mortos e mais de 110.000 deslocados, em sua grande maioria rohingyas, considerados pela ONU uma das minorias mais ameaçadas do planeta.
Os 800.000 rohinguas que vivem no oeste de Mianmar foram perseguidos por décadas pela antiga junta militar e sofrem com o preconceito da população birmanesa. "Os rohingyas têm a mesma dignidade que vocês e eu", disse Obama, antes de afirmar que a reconciliação nacional levará tempo, mas que chegou o momento interromper as provocações e a violência.