Agência France-Presse
postado em 19/11/2012 14:34
Havana - A guerrilha das Farc decretou um cessar-fogo unilateral de dois meses a partir da meia-noite desta segunda-feira (19/11), ao iniciar em Havana as negociações de paz com o governo da Colômbia para colocar fim a um conflito de quase meio século, anunciou o chefe da delegação do grupo, Iván Márquez."O Secretariado (das Farc) ordena às unidades guerrilheiras em toda a geografia nacional o fim de todo tipo de operações militares ofensivas contra a força pública e dos atos de sabotagem contra a infraestrutura pública e privada", disse Márquez ao ler um comunicado à imprensa.
O chefe guerrilheiro leu esta nota momentos antes do início das negociações de paz no Palácio de Convenções de Havana, onde a delegação da guerrilha entrou minutos depois da representação do governo. Não foi permitida a entrada da imprensa nas negociações.
Márquez afirmou que esta medida unilateral das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, comunistas) "é uma contribuição decidida a fortalecer o clima de entendimento necessário para que as partes que iniciam o diálogo alcancem o propósito desejado por todos os colombianos".
A delegação governamental não comentou imediatamente o anúncio da guerrilha, mas seu chefe negociador, Humberto de la Calle, assim como o próprio presidente Juan Manuel Santos, declararam diversas vezes que o exército irá manter as operações contrainsurgentes enquanto as negociações de paz em Cuba se desenvolvem.
Márquez disse que o fim das operações ofensivas da guerrilha se estenderá "durante o período compreendido entre as 00:00 horas (03h00 de Brasília) do dia 20 de novembro de 2012 até as 00:00 horas do dia 20 de janeiro de 2013".
"(Esta) é mais uma amostra de nossa vontade de gerar um ambiente político propício para o avanço das negociações, com o objetivo de alcançar o compromisso de acordar um verdadeiro tratado de paz que coloque fim ao conflito social e armado, como é o desejo da maioria dos colombianos", afirmou.
No entanto, antes de embarcar no avião rumo a Havana, De la Calle havia dito no domingo em Bogotá que "não haverá concessões de caráter militar, nem cessar-fogo, nem zonas desmilitarizadas", porque "o cessar-fogo no passado significou vantagens para a guerrilha que não podem ocorrer novamente".
Para facilitar o diálogo, as autoridades colombianas deixaram sem efeito muitas ordens de prisão contra os delegados das Farc, organização que é considerada "terrorista" pelos Estados Unidos e pela União Europeia.