Agência France-Presse
postado em 20/11/2012 10:39
Kinshasa - Os rebeldes congoleses do grupo M23 retomaram nesta terça-feira (20/11) a ofensiva na região leste da República Democrática do Congo (RDC) e anunciaram o controle de Goma, capital de Kivu do Norte, em poucas horas, segundo um porta-voz rebelde, ao mesmo tempo em que o presidente do país fez um apelo de resistência. "As tropas do M23 controlam a cidade de Goma e perseguem o inimigo", afirmou o porta-voz militar do M23, o coronel Viannay Kazarama.O presidente congolês, Joseph Kabila, fez um apelo nesta terça-feira ao povo e às instituições por uma mobilização contra a agressão que, segundo ele, a RDC é vítima no leste do país, em especial em Goma. "A RDC está enfrentando uma situação difícil", declarou Kabila. "Quando uma guerra é imposta, temos a obrigação de resistir". "Peço a participação de toda a população para defender nossa soberania", declarou o presidente, antes de viajar para uma reunião de cúpula extraordinária da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos em Kampala.
Rebeldes congoleses do grupo M23 entraram nesta terça-feira em Goma, capital de Kivu do Norte, leste da RDC, e avançavam para o centro da cidade e a fronteira com Ruanda. O general Sultani Makenga, comandante militar do M23, entrou na cidade de Goma e circulou pela localidade sob escolta. Um correspondente da AFP em Gisenyi, cidade de Ruanda na fronteira com a RDC, informou que os rebeldes do M23 assumiram o controle de dois postos de fronteira.
[SAIBAMAIS]Segundo o comandante dos rebeldes, o M23 controla o aeroporto de Goma. Ao entrar na cidade, a coluna de insurgentes enfrentou brevemente alguns soldados das tropas oficiais da RDC em uma avenida próxima do aeroporto e continuou sua marcha rumo ao posto de fronteira ruandês de Gisenyi. Os rebeldes passaram sem incidentes por vários postos da ONU e avançaram em direção à fronteira com Ruanda. Mais cedo, uma fonte da ONU em Goma anunciou que os rebeldes do M23 tomaram o controle do aeroporto da cidade.
O M23 retomou o avanço nesta terça-feira depois da recusa do governo congolês de iniciar negociações e de desmilitarizar Goma, como haviam exigido os rebeldes na segunda-feira. O Movimento 23 de Março (M23) foi criado por militares que participaram na rebelião anterior e entraram para o exército em 2009, após um acordo de paz. Eles reclamam que Kinshasa não respeitou os compromissos. O movimento quer a manutenção das patentes dos oficiais e recusa uma transferência de oficiais para outras regiões, o que os afastaria de sua área de influência.
Goma fica às margens do lago Kivu e perto da fronteira com Ruanda. A cidade tem 300.000 habitantes, além de milhares de refugiados. O aeroporto da cidade era defendido até então por membros da Guarda Republicana. Durante o avanço dos rebeldes, vários helicópteros das Nações Unidas foram utilizados para tentar proteger o terminal. A ONU tem 1.500 capacetes azuis em Goma como parte de uma força de paz de 6.700 soldados mobilizados na província de Kivu do Norte que respaldam as forças governamentais.