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As crianças, vítimas inocentes da guerra em na faixa de Gaza

Agência France-Presse
postado em 20/11/2012 18:39
Gaza - Uma adolescente surge morta em um carrinho de compras no necrotério de Gaza e várias pessoas, que trazem mais vítimas, gritam: "Por acaso, eles disparam foguetes?" Para os palestinos, as crianças mortas nos bombardeios israelenses são a prova da selvageria de uma operação que, supostamente, tem como alvos os grupos armados.


Pelo menos 18 menores -- de mais de cem mortos-- perderam a vida desde o início dos bombardeios aéreos seletivos israelenses na Faixa de Gaza, na quarta-feira passada, segundo o Centro Palestino para os Direitos Humanos.

Entre eles está Tasnim al-Nahal, uma adolescente de 13 anos fulminada por uma bomba quando brincava em frente a sua casa no campo de refugiados de Chati, às margens do Mediterrâneo, no norte do enclave.

Jamal, Sara, Yusef, e Ibrahim al-Dallu, quatro crianças de uma família aniquilada no domingo por uma bomba que destruiu sua casa em um bairro do norte da Faixa de Gaza.

Nos funerais, os corpos das crianças estavam envolvidos na bandeira palestina que só deixava seus rostos descobertos. Ao redor deles, outras crianças se acotovelavam para ver os cadáveres.

Iniciada há uma semana, a operação israelense "Pilar de Defesa" tem como alvos "as organizações terroristas de Gaza, Hamas, Jihad Islâmica e outros grupos", segundo o Exército. Mas as imagens de crianças ensanguentadas e aterrorizadas enviam outra mensagem aos palestinos.

A perda de vidas de civis, que aumenta inevitavelmente à medida que se prolonga a ofensiva, ameaçam o apoio americano e europeu obtido por Israel até o momento, segundo analistas israelenses.

Além dos mortos e feridos, centenas de crianças de Gaza ficam traumatizadas, lembram os psicólogos, sofrendo com o medo de abandono, de problemas de sono, de hiperagressividade ou de problemas de comunicação.

Esse é o caso de Mohamed Radwan, um menino de 12 anos, que corre para se esconder embaixo das almofadas do sofá ou busca refúgio nos braços de sua mãe toda vez que ouve o barulho de uma explosão.

Em tempos de guerra, "tudo o que pode ajudar os adultos -experiência, redes sociais, etc-- não funciona com as crianças", afirma o psicólogo Hassan Zeyada, que trabalha desde 1991 no Programa para a Saúde Mental de Gaza.

Com a operação "Pilar de Defesa", muitas crianças de Gaza vivem sua segunda guerra. Em dezembro de 2008- janeiro de 2009, Israel realizou outra violenta operação na Faixa de Gaza, "Chumbo Grosso", que causou a morte de 1.400 palestinos, em sua maioria civis, e grande destruição.

"Vão reviver diversos traumas que já viveram no passado", disse Zeyada. Seu programa pretende mobilizar equipes de especialistas para ajudar psicologicamente as crianças depois do fim do ciclo de violência.

"Mas o problema em Gaza é que vivemos permanentemente um alto nível de estresse, e que o trauma é contínuo. Ninguém, evidentemente, pode garantir que não volte a ocorrer", disse.

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