Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 12:11
O cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, que entrou em vigor quarta-feira (21/11) à noite após uma semana de hostilidades, era respeitado nesta quinta-feira, mas Israel avisou que revidará a qualquer ataque. Em Gaza, a calma reinou após uma noite sem ataques israelenses nem disparos de foguetes. Após uma semana violenta, 163 palestinos foram mortos e 1.235 mais ficaram feridos na operação israelense "Pilar de Defesa", iniciada em 14 de novembro com o assassinato do chefe militar do Hamas Ahmed Jaabari.
"O cessar-fogo pode durar nove dias, nove semanas ou mais, mas se for quebrado nós saberemos o que fazer, e consideraremos então a possibilidade de retomar nossas atividades (militares) em caso de tiros ou provocações", afirmou o ministro da Defesa, Ehud Barak.
Cinco israelenses, incluindo um soldado, morreram em consequência dos mísseis lançados contra o sul de Israel. O exército de Israel anunciou nesta quinta-feira a detenção de 55 militantes palestinos na Cisjordânia por "atividades terroristas". Os palestinos são acusados de "atividades terroristas e violentas" na Cisjordânia, afirma um comunicado do exército.
[SAIBAMAIS]Os detentos pertencem a diferentes organizações. "No total, foram detidos 55 terroristas, afiliados a diferentes grupos terroristas. Entre eles estão alguns líderes de grupos palestinos", completa a nota militar. Na Cisjordânia, agitada nos últimos dias por manifestações de solidariedade à Faixa de Gaza, o exército israelense anunciou a prisão de 55 ativistas palestinos por "atividades terroristas" com o objetivo de "restabelecer a calma".
Em Israel, a classe política se concentra agora nas eleições de 22 de janeiro após um cessar-fogo que deixou gosto amargo para muitos israelenses. A oposição, que apoiou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu durante a operação "Pilar de Defesa", abriu a temporada de hostilidades dizendo que os objetivos traçados pelo governo não foram atingidos.
Calendário eleitoral
O calendário eleitoral começa a esquentar a partir de domingo com as primárias que decidem os candidatos a deputado pelo Likud, partido de direita de "Bibi" Netanyahu. Na semana que vem, o Partido Trabalhista (centro-esquerda) escolherá seus candidatos. "A segurança dos moradores do sul de Israel ainda não foi restabelecida, nem nossa força de dissuasão", discursou o líder do partido centrista Kadima Shaul Mofaz.
Segundo Mofaz, antigo chefe do Estado-Maior e antigo ministro da Defesa, "o cessar-fogo é um erro. Não é assim que se conduz uma guerra contra o terrorismo". O ministro de Defesa Ehud Barak respondeu que uma ofensiva terrestre "poderia criar uma situação onde teríamos que ficar anos na faixa de Gaza".
De acordo com Barak, é impossível retirar o Hamas do poder em Gaza sem que Israel ocupe completamente o território. "Não tenho certeza que isso seja a coisa mais inteligente a ser feita", reconheceu.
A rádio militar israelense vem difundindo, com certo prazer maldoso, comunicados de Netanyahu de 2009, quando, na época como oposição, ele havia criticado duramente o governo de Ehud Olmert após a devastadora operação "Chumbo Grosso" em Gaza que matou mais de 1.400 palestinos.
A imprensa israelense não estava muito triunfante nesta quinta-feira. "Tivemos alguns sucessos, mas algumas dúvidas também", disse o comentarista militar Yoav Limor. De acordo com ele, "o único interesse em comum entre Israel e Hamas é o desejo de uma trégua, mas eles entendem que a contagem regressiva para o próximo confronto já começou".
No jornal Maariv, o comentarista Mazal Mualem estimou que "o verdadeiro efeito da operação será testado nas eleições. Si a calma voltar nesses dois meses antes das eleições, Netanyahu e (Avigdor) Lieberman (ministro das Relações Exteriores) serão os grandes vencedores".