Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 12:41
Gaza - As buzinas substituíram o som dos ataques israelenses e as ruas, desertas durante oito dias, se encheram. No dia seguinte ao cessar-fogo, a vida foi retomada em Gaza nesta quinta-feira, dia declarado feriado para comemorar a "vitória". Com as bandeiras verdes do Hamas, mas também amarelas do Fatah, o irmão inimigo, os habitantes de Gaza tomaram as ruas da cidade sob um céu nublado.A trégua entre o grupo palestino, no poder nesta estreita faixa de terra, e Israel tomou forma durante a manhã e com uma atmosfera da feira improvisada. "Vamos, vamos! Vai, vai, vai", diz um policial do Hamas, que tenta, em vão, colocar alguma ordem no engarrafamento, que se formou logo após o anúncio da trégua.
Os ataques israelenses após os disparos de foguetes do Hamas contra o território de Israelm mataram mais de 160 pessoas. Para comemorar a "vitória", o governo do Hamas em Gaza decretou esta quinta-feira um feriado. Em comunicado, as autoridades "convidaram todos os cidadãos a celebrar este evento e visitar as famílias dos mártires e feridos". Em um bairro da Cidade de Gaza, as Brigadas dos Mártires da Al-Aqsa, grupo armado ligado ao Fatah, e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP, esquerda nacionalista), organizaram um grande encontro.
[SAIBAMAIS]O Hamas realizou sua própria manifestação, na qual milhares de pessoas se reuniram. Cena incomum: as bandeiras verdes do Hamas se encontravam com as amarelas do Fatah. Na parte de trás de um tuk-tuk abarrotado com cinco ou seis jovens sorridentes, os retratos do falecido líder palestino Yasser Arafat, símbolo da unidade perdida.
Em um sorriso, Jedida Youssef, 60 anos, declara estar "satisfeito em ver o povo palestino se reunir. Acho que este é o resultado mais admirável desta guerra terrível". O chefe de Governo do Hamas, Ismail Haniyeh, que se disse "satisfeito" com a trégua e "orgulhoso do nosso povo e sua resistência" deve fazer um discurso às 12h GMT (10h no horário de Brasília).
"Tem muitos clientes"
Mais prosaicamente, as pessoas voltaram a fazer compras nas lojas, cujos proprietários fecharam as portas durante toda a semana passada. "Hoje é o primeiro dia em que trabalho normalmente. Abri minha loja esta manhã", explicou Nasser Abu al-Khatib, dono de uma mercearia. "As pessoas querem viver e aspiram a uma vida sem bombas ou problemas". Sintoma dessa volta à normalidade: filas nos caixas eletrônicos crescem a olho nu.
Empregados dos serviços de energia elétrica foram enviados paras as ruas para reparar uma rede destruída pelos bombardeios. "Tudo está bem hoje, voltamos ao trabalho", comemorou Hani Hamadeh, vendedor de legumes no mercado central de Gaza. "Há uma grande quantidade de clientes, as pessoas saem pela primeira vez, depois de oito dias de guerra, eles vêm para fazer suas compras".
As escolas públicas devem reabrir no sábado, depois de uma pausa de uma semana, durante a qual as crianças de Gaza permaneceram escondidas em casa, com o medo constante de serem afetadas pelos ataques. E neste dia de comemoração, muitos encontram o meio de ganhar, seja um sorvete, seja um brinquedo, de seus pais.