Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 14:35
Ramallah - A exumação do corpo do dirigente palestino Yasser Arafat, prevista para segunda-feira (26/11) em Ramallah com a presença de juízes franceses que investigam as causas de sua morte, em 2004, é "uma prova dolorosa, mas necessária", declarou nesta quinta-feira (22/11) sua viúva Souha."É muito doloroso e não é fácil nem para mim, nem para a minha filha", declarou à AFP por telefone Souha Arafat, que vive em Malta e cuja ação judicial perante a justiça francesa motivou a abertura de uma investigação sobre a morte do líder palestino.
"Mas é preciso saber a verdade, é necessário para nosso povo, para as famílias dos mártires de Gaza", acrescentou. "É preciso fazer isso para virar a página deste grande segredo que envolve sua morte, se houve crime ele tem que ser descoberto", acrescentou.
"Procedendo a esta exumação, ressuscitaremos sua memória. Não é degradante, é por sua memória", insistiu Souha Arafat, acrescentando que respeita "o ponto de vista da outra parte da família" que se opõe à exumação, em especial o sobrinho do líder falecido, Naser al-Qidwa, presidente da fundação Yasser Arafat.
Al-Qidwa lamentou "uma profanação". "Não sairá nada bom de tudo isso, isto não fará nada bem aos palestinos", declarou. Segundo Qidwa, que há anos repete que Arafat morreu envenenado por Israel, "a conclusão final já é conhecida".
A exumação dos restos mortais de Arafat, enterrado na Muqataa, presidência da Autoridade Palestina na Cisjordânia, está prevista para segunda-feira, com a presença de especialistas russos e suíços. Serão tomadas amostras do corpo de Arafat para elucidar as causas precisas de sua morte.
A tese de envenenamento voltou a ganhar destaque após a divulgação, em julho, de um documentário da Al-Jazeera que revelou a presença de quantidades anormais de polônio, uma substância radioativa altamente tóxica, em amostras biológicas extraídas dos objetos pessoais do líder falecido.