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Centenas de combatentes curdos enfrentam rebeldes sírios ao norte do país

Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 19:11
Damasco - Os rebeldes sírios enfrentaram nesta quinta-feira (22/11) centenas de combatentes curdos em confrontos sem precedentes no norte da Síria, horas depois de terem desalojado as tropas do regime do leste do país, ao longo da fronteira com o Iraque.

A batalha, na fronteira com a Turquia onde a OTAN pode mobilizar mísseis de defesa antiaéreos Patriot, acontece entre centenas de insurgentes islâmicos e membros do braço sírio do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), o grande pesadelo do governo de Ancara.

A Turquia e seus aliados ocidentais temem um contágio para a área do conflito sírio que deixou mais de 40.000 mortos em 20 meses, em sua maioria civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma organização não governamental com sede na Grã-Bretanha que se baseia nas informações de uma rede de militantes e de fontes médicas.

Na cidade de Rass Al Ain, onde os rebeldes retomaram um passagem fronteiriça para a Turquia, 200 jihadistas da Frente al Nosra e uma centena de homens da brigada islâmica Ghuraba al Sham, respaldados por três tanques do exército, lutavam contra cerca de 400 combatentes curdos, informou o OSDH.

Em um vídeo postado na internet, Ghuraba al Cham acusa o Partido da União Democrática Curda (PYD), braço sírio do PKK, de favorecer o regime sírio, cujas tropas se retiraram de várias localidades da região, que caíram nas mãos dos curdos.

Um homem, entre aproximadamente cinquenta rebeldes armados diante de um tanque, pede a "todos aqueles que enfrentam a nossa revolução e que apontam suas armas para nós, para se retirar de imediato de Rass al Ain".



O norte e o nordeste reúnem a maioria dos dois milhões de curdos da Síria, cujas milícias separatistas às vezes são hostis à rebelião.

A Turquia acusou o poder em Damasco de ter "confiado" várias áreas do norte ao PYD e considerado a instalação deste partido próximo a sua fronteira como "dirigido contra ele".

Patriot na Turquia

Mais ao sul, os rebeldes conseguiram tomar Mayadin, uma das últimas cidades da província de Deir Ezzor em mãos do regime de Bashar al Assad.

"A área, que se estende desde a fronteira iraquiana até a de Deir Ezzor, é atualmente o setor mais importante que escapa totalmente ao controle do exército", explicou à AFP o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O regime, cujo exército deve enfrentar uma rebelião cada vez mais ousada, reduziu suas ambições territoriais para se concentrar no sul, Damasco, no centro da Síria e na região alauita, no nordeste, apontam os analistas.

As tropas retomaram assim seus bombardeios contra o sul de Damasco e áreas próximas, segundo o OSDH.

O jornal do partido Baath (no poder) afirmou em sua edição de quinta-feira: "A operação de purgação da região de Damasco entrou quase oficialmente em sua etapa final graças à eliminação de dezenas de terroristas (...) na Ghuta oriental nos últimos dias."

Esta região de hortos é a principal base na retaguarda dos insurgentes que tentam realizar operações na capital síria. Desde o começo da revolta popular, o regime argumenta que combate grupos "terroristas" armados e financiados pelo exterior.

Segundo balanço provisório do OSDH, 48 pessoas morreram nesta quinta-feira em diversos atos de violência em todo o país, entre elas 26 civis. A cada dia morrem dezenas de pessoas no conflito que começou no dia 15 de março de 2011 com uma revolta popular, que se militarizou em resposta à repressão do regime.

Diante da escalada da violência, Ancara pediu à OTAN que mobilize mísseis Patriot em seu território.

Os Estados Unidos se mostraram favoráveis a este pedido, mas a Alemanha disse esperar a aprovação do Parlamento e a Holanda declarou que refletirá sobre "a possibilidade de uma contribuição". Entre os 28 membros da OTAN, apenas esses três possuem Patriot.

Moscou, grande aliado de Assad, pediu a Ancara que opte por uma solução política.

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