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Rebeldes exigem falar com presidente do Congo antes de deixarem Goma

Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 23:18
Congo - Os rebeldes do M23 exigiram esta quinta-feira falar com o presidente congolês, Joseph Kabila, antes de considerar se retirar de Goma, capital de Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC), enquanto confrontos explodiram na cidade de Sake.

De outro lado, o porta-voz do governo anunciou que o general Gabriel Amisi, chefe do estado-maior do exército congolês, foi suspenso de suas funções em um relatório da ONU que o acusava de estar envolvido em tráfico de armas destinado a vários grupos armados.

Trataa-se de uma medida provisória tomada pelo presidente Kabila, que ordenou ao governo que realize "uma investigação a fundo" sobre esse suposto tráfico, declarou o porta-voz, Lambert Mende, durante coletiva de imprensa em Kinshasa.

Kabilla, Paul Kagame (Ruanda) e Yoweri Museveni (Uganda) haviam exigido na quarta-feira, após uma reunião na capital ugandense Kampala, que o movimento 23 de março (M23) suspenda imediatamente sua ofensiva e se retire de Goma, cidade que caiu sob o controle deste grupo de rebeldes na terça-feira.

O presidente do M23, Jean-Marie Runiga Lugerero, viajou esta quinta a Kampala para "discutir" com o presidente ugandense Yoweri Museveni, após pedido deste último, declarou à AFP Amani Kabasha, encarregado de comunicação do M23.

Anteriormente, o presidente do M23 havia declarado à AFP que "antes é preciso falar com o presidente (Joseph) Kabila". Antes de considerar qualquer retirada de Goma, "é preciso reunir-se ao redor de uma mesa com a sociedade civil, a diáspora, a oposição, o governo, para falar de todos os problemas dos congoleses. Esperamos uma proposta de diálogo do presidente Kabila", acrescentou, sem dar detalhes sobre o fim ou a continuidade da ofensiva.

Após ter entrado em Goma, os rebeldes prosseguiram com sua ofensiva e tomaram na tarde de quarta-feira a cidade de Sake, 30 km a oeste da capital de Kivu do Norte.

Parte das tropas do exército congolês, que fugiram de Goma sem qualquer resistência, se reuniu em Sake e posteriormente em Minova, situada mais ao sul.

Nesta quinta, confrontos ocorriam nos arredores da cidade de Sake. Era possível ouvir explosões de obuses de morteiro e colunas de fumaça subiram perto da cidade, por volta das 14h00 locais (10h00 de Brasília), constatou um fotógrafo da AFP. Disparos de armas automáticas foram ouvidos pouco antes.

Segundo informações de uma fonte militar ocidental, os combates confrontavam os rebeldes do M23 e os soldados regulares, aliados pelas circunstâncias a uma milícia local de autodefesa

Ma; Ma;, presente na região.

Estes confrontos provocaram a fuga de milhares de pessoas, que partiram a pé, a maioria levando colchões sobre a cabeça, de Sake até um campo de refugiados em Mugunga, situada a uma dezena de quilômetros de Goma, constatou o fotógrafo da AFP.

Enquanto isso, na capital, a vida retomou seu curso. As lojas abriram as portas e os moradores circulavam normalmente.

Patrulhas do M23 que circulavam nas ruas principais da cidade desde sua chegada a Goma parecem ter desaparecido e nenhum incidente foi apontado.

No entanto, o serviço de água potável, que tinha sido suspenso devido a um apagão, continuava interrompido.

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