Agência France-Presse
postado em 28/11/2012 15:23
Damasco - Dois atentados nesta quarta-feira (28/11) no subúrbio de Damasco deixaram mais de 50 mortos e 120 feridos, em mais um episódio sangrento da guerra na Síria, onde os rebeldes conseguiram abater pela segunda vez em menos de 24 horas uma aeronave do Exército.O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem como fontes uma grande rede de militantes e de médicos na Síria, anunciou um registro atualizado de 54 mortos e 120 feridos, sendo 23 em estado grave, nos ataques com carros-bomba em Jarama, área favorável ao regime de Bashar al-Assad onde vivem drusos e cristãos.
A agência oficial síria Sana falou de atentados suicidas cometidos por "terroristas", termo utilizado pelo regime para designar os rebeldes.
De acordo com um boletim provisório do Ministério do Interior, 34 pessoas morreram e 83 ficaram feridas em "dois atentados terroristas" na praça principal desta localidade ao sudoeste de Dasmaco. Pedaços de corpos ficaram espalhados no local.
Uma das explosões ocorreu perto de um posto de gasolina. A fachada de um prédio e dezenas de carros ficaram muito danificados. "O que querem? Querem matar as crianças indo à escola?", gritava um habitante.
Os ataques foram praticados simultaneamente por volta das 06h30 (02h30 de Brasília) nesta região, alvo de vários atentados com carros-bomba nos últimos meses.
Os atentados não foram reivindicados até o momento, mas a simultaneidade das explosões e o uso de carros-bomba segue o modo de operar de grupos islamitas, como a Al-Qaeda.
Um outro atentado com carro-bomba foi registrado em Basra Chams, localidade no sul do país, mas nenhum registro foi anunciado até o momento, segundo o OSDH e Sana
Helicópteros derrubados por mísseis
Nesta quarta-feira ao menos 85 pessoas morreram em meio à violência em toda a Síria. Entre as vítimas estão 59 civis, 7 soldados e 19 rebeldes, de acordo com uma contagem provisória do Observatório.
A guerra, que em 20 meses deixou mais de 40.000 mortos de acordo com o OSDH, se estende pelo país com combates entre rebeldes e soldados em vários frontes, principalmente em Idleb e Aleppo, ao norte.
Os insurgentes querem estender seu controle na região norte, ao longo das fronteiras turca e iraquiana, enquanto as tropas do regime tentam neutralizar os rebeldes numa região que vai do sul do país, passando pela capital, até o noroeste em Lattakia.
Os rebeldes abateram em menos de 24 horas duas aeronaves do exército usando mísseis pela primeira vez, de acordo com o OSDH.
Na manhã desta quarta-feira, eles derrubaram um caça no noroeste, segundo um correspondente da AFP na fronteira entre Síria e Turquia. O avião caiu em Daret Ezza, na província de Aleppo, após uma enorme explosão. Segundo o OSDH, um piloto foi capturado e feito prisioneiro pelos rebeldes.
Na terça-feira, os rebeldes tinham abatido um helicóptero com um míssil terra-ar, perto de Aleppo. O aparelho foi derrubado enquanto bombardeava os arredores da base de Sheikh Souleimane, que os rebeldes tentam tomar.
A utilização de mísseis terra-ar é um "ponto de virada significativo na guerra, já que o regime perde a sua superioridade e não pode mais utilizar seu poderio de fogo contra os rebeldes", considerou Kahwaji, especialistas de análise militar para o Oriente Médio (Inegma).
Um dos chefes militares da rebelião, o general Ahmad Faj, declarou na semana passada à AFP que os rebeldes tinham recuperado mísseis terra-ar quando tomaram a base 46 (noroeste).
Na vizinha Turquia, especialistas da Otan começaram a inspecionar os locais nos quais mísseis Patriot poderiam ser instalados a pedido do governo turco, que teme que os conflitos sírios atravessem a fronteira entre os países.