Damasco - O exército sírio bombardeou neste sábado a periferia de Damasco, onde se concentram agora os combates contra grupos rebeldes, no momento em que as comunicações foram restabelecidas no país, isolado do mundo há quase três dias.
Os militantes temiam o pior, a possível preparação pelo regime de um "massacre" em pleno apagão, no momento em quem os combates são travados nas imediações do aeroporto internacional de Damasco, os primeiros desde o início do conflito.
A internet voltou a funcionar na capital e em parte de sua província, no entanto, que a rede de telefonia e as linhas internacionais continuam cortadas, segundo uma jornalista da AFP.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) afirmou que a internet e o telefone foram restabelecidos "na maioria das regiões da Síria".
As comunicações haviam sido cortadas na quinta-feira.
O regime, que lançou na quinta-feira uma ampla ofensiva para tomar um raio de oito quilômetros em torno da capital, quer conservar Damasco e suas regiões próximas a qualquer preço para estar em posição de negociar uma saída ao conflito, dizem especialistas.
De fato, a aviação e tropas do regime atacara mais uma vez os pomares nos arredores da capital, onde rebeldes estabeleceram sua retaguarda. Os ataques alcançaram, entre outras, as localidades de Ghuta Oriental, atravessada pela estrada que leva ao aeroporto internacional.
Neste sábado, o Ministério de Informação enfatizou que "o aeroporto funciona normalmente e que a estrada que leva a ele está totalmente protegida", segundo a televisão estatal.
Contudo, um comboio da ONU que havia abandonado o aeroporto de Damasco foi alvo na sexta-feira de disparos de origem indeterminada, pelo segundo dia consecutivo, disse um porta-voz da ONU.
"O exército quer tomar o controle do lado leste do aeroporto (o de Ghuta), onde se encontram milhares de terroristas e isso tomará vários dias", declarou à AFP uma fonte de segurança. O regime vê os rebeldes como "terroristas".
Exército retoma campo petrolífero
Enquanto a violência aumenta em intensidade e se aproxima da periferia de Damasco, o emissário internacional, Lakhdar Brahimi, manifestou preocupação de que a Síria se torne um "estado decadente, com todas as consequências desastrosas para o povo sírio, para a região e para a paz e a segurança internacionais".
No leste do país, onde se encontra a maior zona geográfica, cujo controle escapa por completo ao regime, o exército retomou o campo petrolífero de Al-Omar, que havia abandonado na quinta-feira, disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os rebeldes não haviam se instalado no campo, "pelo temor de que este estivesse minado", explicou à AFP o presidente da OSDH, Rami Abdel Rhaman. Esta infraestrutura é estratégica porque é uma das últimas posições das quais dispõem as tropas do regime de Bashar al-Assad no Leste da cidade de Deir Ezzor, no Iraque.
Em novembro, os rebeldes obtiveram uma vitória de forte simbolismo ao tomar o maior campo petrolífero do país, e várias outras reservas de gás e petróleo.
A produção petroleira síria, que se elevava a 420.000 barris diários antes do início da revolta popular convertida em conflito armado, foi reduzida à metade com a escalada da violência e está principalmente destinada ao consumo interior.
Segundo o OSDH, que se baseia em uma extensa rede de fontes médicas civis e militares, vários atentados causaram a morte de ao menos 13 civis. Uma bomba matou 8 pessoas na cidade de Raqa (norte) e dois carros-bomba fizeram 5 mortos em Damasco.
No total, 116 pessoas, entre elas 43 civis, 46 rebeldes e 27 soldados, morreram em meio à violência neste sábado na Síria.
A ONU estima que 700.000 refugiados terão fugido da Síria até janeiro, um aumento vertiginoso, enquanto o conflito atinge "níveis insuportáveis de brutalidade".
O chefe da diplomacia turca, Ahmet Davutoglu, apelou aos países árabes a unir seus esforços com a Turquia para acabar com o "massacre do povo sírio".