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Japoneses vão às urnas com poucas ilusões para escolher primeiro-ministro

Agência France-Presse
postado em 12/12/2012 15:09
Tóquio - O Japão realiza domingo (15/12) eleições legislativas para escolher seu sétimo primeiro-ministro em seis anos, que, segundo as pesquisas, pode marcar um retorno dos conservadores ao governo de um país afetado pelo declínio econômico e por tensões crescentes com a China. Cerca de 100 milhões de eleitores vão eleger 480 deputados que deverão nomear um primeiro-ministro.

Contudo, diversos analistas afirmam que uma vitória do Partido Liberal Democrático (PLD) deve ocorrer, antes de tudo, devido à falta de melhores opções, após a decepção provocada pelo Partido Democrático do Japão (DPJ, centro-esquerda) que em 2009, com 308 deputados eleitos, tirou os conservadores do poder de forma quase ininterrupta há meio século.

"A vantagem do PLD nas pesquisas não significa forçosamente que os eleitores depositem grandes esperanças neste partido", disse Koji Nakakita, professor de Ciências Políticas na Universidade Hitotsubashi de Tóquio.

O DPJ, ignorando uma dívida colossal que alcança 200% do PIB, tinha conseguido entusiasmar os eleitores com promessas de educação secundária gratuita, de redução dos impostos para as PyMES e de supressão dos pedágios nas estradas.

O lançamento bem sucedido, nesta quarta-feira, de um foguete norte-coreano pode reforçar, além disso, a postura dos falcões tanto do PLD como de outras formações menores, graças ao nacionalismo exacerbado pelas tensões com a China.



Desde 2009 houve três primeiros-ministros do DPJ, que ficou desgastado, primeiro, por sua oposição à transferência da impopular base norte-americana de Okinawa e também após a sua confusa gestão inicial do acidente nuclear provocado por um tsunami em março de 2011. A política energética se transformou em um dos principais temas do debate eleitoral.

O primeiro-ministro Yoshihiko Noda prometeu adotar "todas as medidas possíveis" para sair da energia nuclear em 2040, mas o PLD, mais próximo aos meios empresariais, indicou que decidirá em um intervalo de três anos qual será o futuro energético do arquipélago. Os partidos de centro-esquerda propuseram fechar todas as centrais de forma imediata ou no prazo de apenas uma década.

O populismo nacionalista também está presente nas eleições, com o prefeito de Osaka, Toru Hashimoto, aliado ao Partido da Restauração do Japão, do ex-prefeito de Tóquio Shintaro Ishihara, apesar de, segundo analistas, se tratar de uma coalizão frágil, pelas diferenças em torno de assuntos importantes como a participação do país em uma zona de livre comércio do Pacífico.

Segundo as pesquisas, o PLD, dirigido pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, considerado próximo aos "falcões" em matéria de política externa, poderia governar em aliança com o partido de centro Novo Komeito.

Abe prometeu aumentar a vigilância naval, após meses de disputas com a China pela soberania de algumas ilhas e revisar a Constituição pacifista imposta ao país pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Essa proposta pode ganhar força com o lançamento do foguete norte-coreano, que sobrevoou Okinawa.

Abe defende, além disso, uma recuperação da economia, abalada pela deflação, impondo ao Banco Central uma meta inflacionária de 3% e obrigando-o a comprar títulos para financiar a dívida do país. Esses projetos receberam críticas por ameaçar a independência do Banco Central, mas ajudaram a debilitar o iene, favorecendo as exportações.

Também há quem viu em suas promessas de recuperação mediante grandes obras de infraestrutura um risco de retorno de favoritismo para investidores próximos ao poder.

Para Kenji Shiomura, um estrategista da Daiwa Securites, os problemas perdurarão independentemente de quem seja eleito, já que o arquipélago enfrenta problemas estruturais, como o envelhecimento da população devido a sua débil taxa de natalidade. "É difícil imaginar que uma mudança de governo acarrete medidas com um impacto real na economia", afirmou.

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