Agência France-Presse
postado em 13/12/2012 18:36
Barcelona - Milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira em Barcelona (nordeste) contra um projeto de reforma educativa, que, segundo os manifestantes, representa uma ameaça para o ensino público exclusivamente em catalão.
"É uma reforma feita sem levar em conta a realidade da Catalunha, já que o catalão é uma língua necessária no dia a dia se você vive aqui. Acho que deveriam eliminá-la", afirmou à AFP Oriol Luque, um estudante de jornalismo de 22 anos.
Luque estava entre as milhares de pessoas de todas as idades que se concentraram na praça da Universidade de Barcelona, convocadas por sindicatos e associações de professores, alunos e pais.
Os manifestantes, alguns agitando bandeiras com as faixas vermelhas e amarelas da Catalunha, assim como símbolos separatistas, participaram de uma passeata pelas principais ruas de Barcelona.
"Esta reforma ataca coisas básicas, como a igualdade e a coesão social. A escola pública é o lugar comum em que é possível encontrar alunos de todas as origens para que sejam educados em conjunto e o projeto de separar as crianças por seu idioma nas escolas públicas e privadas é uma mera tentativa de desunir", disse Anna Via, uma professora de Ciências Sociais de 31 anos.
"Além disso, pagar pela educação privada exatamente em um período de cortes é bastante irônico", acrescentou, enquanto os manifestantes exibiam cartazes com as inscrições "Escola em catalão e sem cortes", "Imersão linguística sim" ou "Não à LOMCE (Lei Orgânica para a Melhoria da Qualidade Educacional, nr)".
Via se referiu à ideia proposta no anteprojeto de lei de que as famílias que desejarem possam matricular seus filhos em centros privados em castelhano e que seus estudos sejam pagos pelo governo regional.
Embora seja apenas um rascunho, este projeto foi rejeitado por várias regiões que consideram que tira o seu poder na decisão do currículo acadêmico.
A Catalunha o vê também como uma ameaça a seu sistema de imersão linguística, apesar de o ministro da Educação, José Ignacio Wert, ter insistido que "o governo não quer liquidar a escola em catalão".