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Oposição impõe condições para participar em referendo no Egito

Agência France-Presse
postado em 13/12/2012 19:03
Cairo - A oposição egípcia impôs nesta quarta-feira condições difíceis de cumprir para participar do polêmico referendo de sábado, ao mesmo tempo em que o Exército adiava sua convocação para uma reunião de diálogo entre adversários e partidários do presidente Mohamed Mursi para tentar superar a atual crise política. "O convite dirigido às forças nacionais e políticas previstas hoje, 12 de dezembro de 2012, foi postergado" informa a instituição militar em sua página Facebook, referindo-se a "reações que não se ajustam ao esperado". Minutos antes, a oposição divulgou que contava participar desta reunião. A Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão da oposição egípcia, também pediu na quarta-feira para participar do referendo sobre a Constituição no sábado, caso sejam cumpridas certas condições que pareciam difíceis de cumprir, e votar contra o projeto da Lei Fundamental, anunciou sua porta-voz Jaled Daud. O FSN exige que sejam cumpridas quatro condições para participar do referendo: que haja um juiz diante de cada urna, que a segurança seja garantida dentro e fora das seções eleitorais, que haja uma supervisão nacional e internacional das eleições e que o referendo seja realizado em um só dia. Pouco antes, a comissão eleitoral tinha decidido que o referendo no território do Egito seria organizado em dois dias, sábado, 15 de dezembro e sábado, 22 de dezembro. Esta medida permitirá separar o país em duas regiões que votarão com uma semana de intervalo e supervisionar melhor o desenvolvimento da votação, informaram os meios egípcios. Inicialmente, a votação estava prevista apenas para o próximo sábado. Os egípcios que vivem no exterior começaram a votar nas 150 representações diplomáticas egípcias, informou a televisão. O voto no exterior, que abrange 586.000 egípcios, será realizado durante quatro dias. O referendo sobre a nova Constituição dividiu profundamente o país e provocou diversas manifestações de partidários e adversários do presidente islamita Mursi. A oposição liberal e de esquerda considera que o projeto constitucional abre caminho para uma islamização crescente da legislação e não garanta as liberdades. O governo e seus aliados afirmam que a nova Constituição trará ao país um marco institucional estável quase dois anos depois da queda do presidente Hosni Mubarak, que deu lugar a uma transação caótica supervisionada pelo Exército. Na quarta-feira, 5 de dezembro, os enfrentamentos entre partidários e adversários de Mursi deixaram sete mortos na capital. Mursi concedeu na segunda-feira poderes policiais ao Exército, incluindo o poder de prender civis até o anúncio no sábado do resultado do referendo constitucional sobre o polêmico projeto de Constituição que divide o país. Com este decreto, o Exército tem autoridade para prender civis, uma prerrogativa muito criticada durante o período em que os militares dirigiram o país após a queda de Mubarak em fevereiro de 2011 e até a eleição de Mursi em junho de 2012. A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch com sede em Nova York, reiterou que durante esta transição liderada pelos militares houve "um uso excessivo da força, torturas e agressões sexuais" realizadas pelas forças armadas. Segundo a Anistia Internacional, isso abre "uma brecha legal perigosa que poderia fazer com que civis sejam em tribunais militares". Desde quinta-feira 7 de dezembro, tanques e soldados estão mobilizados nos arredores do palácio presidencial no Cairo, mas nenhuma postura mais agressiva foi adotada até agora contra os milhares de manifestantes no local.

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